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Atualizado em 10/08/2024

Resumo: Relação Professor/Aluno na Educação Infantil

Descubra como a relação professor/aluno influencia na educação infantil. Saiba mais sobre como os professores podem criar uma boa conexão com os alunos e como a tecnologia pode contribuir para o desenvolvimento de habilidades fundamentais. Conheça as nossas dicas e explore ao máximo as oportunidades da educação infantil.

A pesquisa elaborada pretende esclarecer a influência do relacionamento entre professor e aluno no cotidiano escolar. A importância da relação professor e aluno para o sucesso é fundamental. Enfatizamos também as relações afetivas em sala de aula e colocamos este relacionamento como um desafio para o educador pós-moderno, devendo este agir de forma que expresse o seu interesse pelo crescimento dos alunos, e assim respeitando suas individualidades, criando um ambiente mais agradável e propício para a aprendizagem.

O relacionamento entre professor e aluno deve ser de amizade, de troca de solidariedade, de respeito mútuo, enfim, não se concebe desenvolver qualquer tipo de aprendizagem, em um ambiente hostil. Mas não devemos esquecer que o respeito que a criança tem pelo adulto é unilateral, dando origem a dois sentimentos distintos: afeto e o medo; mas simultaneamente percebidos pela criança quando envolvidas em situações resultantes das suas desobediências. É da existência desses dois sentimentos que surge o respeito unilateral. Por isso, se houver afetividade há possibilidade de pôr em prática o respeito mútuo, tão necessário para o desenvolvimento das relações pessoais em qualquer que seja o meio humano e, através dele, a aprendizagem flui com mais facilidade. A escola hoje, mais do que em qualquer outro tempo, é um espaço onde se constroem relações humanas.

Por tanto, é de fundamental importância trabalhar não só conteúdos, mas também as relações afetivas. A interação entre ambos é ainda importante para a adaptação do aluno ao processo escolar. O bom relacionamento do professor com o aluno se desenvolve na busca pelo desejo que o indivíduo tem de conhecer a si próprio, de encontrar uma definição para sua vida. É a mola propulsora do desenvolvimento intelectual. Querer saber, ter desejo de aprender, são condições primeiras para que a criança possa de fato adquirir conhecimentos. Portanto fica evidente a importância que tem para nós, educadores, o conhecimento da afetividade, quer seja através das emoções, da força motora das ações ou do desejo e da transferência, para o melhor desenvolvimento da aprendizagem do aluno e, conseqüentemente, para uma melhor relação entre este e o professor. A escola, portanto, deve voltar-se para a qualidade das suas relações, valorizando o desenvolvimento afetivo, social e não apenas cognitivo como elementos fundamentais no desenvolvimento da criança como um todo.

Introdução

A relação professor/aluno representa um esforço a mais na busca da praticidade, afetividade e eficiência no preparo do educando para a vida, numa redefinição do processo ensino-aprendizagem.

Não obstante, cada profissional deve ter claramente definido o seu papel nesse contexto social, onde esta relação aqui considerada passa a ser alvo de pesquisas, na busca do diálogo, do livre debate de idéias, da interação social e da diminuição da importância do trabalho individualizado.

A interação professor/aluno ultrapassa os limites profissionais, escolares, do ano letivo e de semestres. É, na verdade, uma relação que deixa marcas, e que deve sempre buscar a afetividade e o diálogo como forma de construção do espaço escolar.

Ser professor não constitui uma tarefa simples, ao contrário, é uma tarefa que requer amor e habilidade. O educador não é simplesmente aquele que transmite um tipo de saber para seus alunos, como um simples repassador de conhecimentos. O papel do educador é bem mais amplo, ultrapassando esta mera transmissão de conhecimentos.

No sistema escolar, o professor deve tornar seu saber pedagógico uma alavanca desencadeadora de mudanças, não somente ao nível da escola que é parte integrante, mas também ao nível do sistema social, econômico e político. O professor deverá ser uma fonte inesgotável de conhecimentos no cotidiano de sala de aula, retirar dos elementos teóricos que permitam a compreensão e um direcionamento a uma ação consciente. Também deve procurar superar as deficiências encontradas e recuperar o real significado do seu papel como professor, no sentido de apropriar-se de um fazer e de um saber fazer adequados ao momento que vive a escola atual.

A importância desta pesquisa permitirá o acesso melhor ao conhecimento sobre a relação professor-aluno, o que auxiliará não só na discussão sobre o problema, mas para apontar as posturas existentes, implementando novos comportamentos e ações no que diz respeito aos pressupostos de sustentação, nas escolas, no que se refere à relação professor/aluno em suas múltiplas determinações.

Trajetória do projeto de pesquisa

Problematização

– Qual importância da relação professor-aluno no processo educativo.

Objetivo Geral

– Refletir sobre a importância do relacionamento professor/aluno para o ensino aprendizagem.

Objetivos específicos

  • Identificar e refletir as possíveis relações entre professor e o aluno a fim de contribuir para o processo ensino-aprendizagem;
  • Buscar subsídios para relatar o quanto a interação entre professor e aluno é importante para o processo ensino aprendizagem;
  • Identificar os fatores que dificultam o relacionamento entre professor/aluno;
  • Refletir sobre a importância e o papel do professor e do seu relacionamento com os educandos.

Justificativa

O projeto pretende esclarecer a influência do relacionamento afetivo entre professores e alunos, verificar que as dificuldades e sucessos caminham juntos. Através destes esclarecimentos poderá identificar os pontos relevantes, que possam estimular tanto professor como aluno à convivência de afetividade no processo educativo levando–os a uma educação de qualidade.

Será possível apontar as oportunidades que o futuro educador poderá ter, ao estudar e analisar a educação, a fim de poder em sua realidade educacional ser colaborador convicto de suas realizações através de suas ações. Esclarecerá as relações afetivas em sala de aula e colocará este relacionamento como um desafio para o educador, devendo este agir de forma que expresse o seu interesse pelo crescimento dos alunos, e assim respeitando suas individualidades, criando um ambiente mais agradável e propício para a aprendizagem.

As informações obtidas mostrarão que a aprendizagem depende muito do relacionamento que o professor tem com o aluno.

A relação professor/aluno do processo de ensino e aprendizagem

O relacionamento humano é peça fundamental na realização comportamental e profissional. Desta forma, a análise dos relacionamentos entre professor/aluno envolve interesses e intenções, sendo esta interação o expoente das conseqüências, pois a educação é uma das fontes mais importantes do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos membros da espécie humana.

Neste sentido, a interação estabelecida caracteriza-se pela seleção de conteúdos, organização, sistematização didática para facilitar o aprendizado dos alunos e exposição onde o professor demonstrará seus conteúdos.

No entanto este paradigma deve ser quebrado, são preciso não limitar este estudo em relação comportamento do professor com resultados do aluno; devendo introduzir os processos construtivos como mediadores para superar as limitações do paradigma processo-produto.

O educador para pôr em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida. GADOTTI (1999, p. 2)

Desta maneira, o aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente competente pelas atitudes e métodos de motivação em sala de aula. O prazer pelo aprender não é uma atividade que surge espontaneamente nos alunos, pois, não é uma tarefa que cumprem com satisfação, sendo em alguns casos encarada como obrigação. Para que isto possa ser melhor cultivado, o professor deve despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando suas ações no desenvolver das atividades.

O professor não deve preocupar-se somente com o conhecimento através da absorção de informações, mas também pelo processo de construção da cidadania do aluno. Apesar de tal, para que isto ocorra, é necessária a conscientização do professor de que seu papel é de facilitador de aprendizagem, aberto às novas experiências, procurando compreender, numa relação empática, também os sentimentos e os problemas de seus alunos e tentar levá-los à auto-realização.

De modo concreto, não podemos pensar que a construção do conhecimento é entendida como individual. O conhecimento é produto da atividade e do conhecimento humano marcado social e culturalmente. O papel do professor consiste em agir com intermediário entre os conteúdos da aprendizagem e a atividade construtiva para assimilação.

O trabalho do professor em sala de aula, seu relacionamento com os alunos é expresso pela relação que ele tem com a sociedade e com cultura.

É o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos; fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade. ABREU & MASETTO (1990, p. 115),

O bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas”. (FREIRE: 1996, p. 96),

A relação entre professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Indica também, que o professor, educador da era industrial com raras exceções, deve buscar educar para as mudanças, para a autonomia, para a liberdade possível numa abordagem global, trabalhando o lado positivo dos alunos e para a formação de um cidadão consciente de seus deveres e de suas responsabilidades sociais.

Relação professor/aluno: os estilos de relações

A relação professor/aluno em sala de aula é um processo bastante complicado, pois existem nesse contexto diversos aspectos a serem analisados, tendo em vista que, para um bom relacionamento entre ambos há necessidade de ir além de um simples relacionamento afetivo.

Em sala de aula, tanto professor, quanto o aluno devem estar aberto à interação, pois em todo relacionamento, a empatia é uma questão necessária e eficaz para que haja uma aproximação entre ambos. Assim, a relação professor/aluno pode apresentar diversos estilos, que proporcionam diversos tipos de interação. Vamos tentar analisar as duas principais relações usadas entre professores e alunos na sala de aula: relação de comunicação mais pessoal e relação de orientação própria ao estudo.

A relação de comunicação mais pessoal é reconhecer os êxitos, reforçar autoconfiança dos alunos, manter constantemente uma atitude de cordialidade e de respeito; isso sem esquecer que embora tenhamos que ter uma relação afetiva com nossos alunos, isso não significa dizer que tenhamos que ir à sala de aula para sermos humoristas e nem sermos carinhosos para que os alunos se sintam bem. Na verdade, se não houver uma relação didática eficaz não poderá haver relação professor/aluno.

Nessa perspectiva, a relação de orientação própria para o estudo entra no mérito do papel exercido pelo professor em sala de aula, cujo principal será criar e comunicar uma estrutura que facilite o aprendizado. Entende-se que numa relação professor/aluno em sala de aula, a afetividade não poderá ser eficaz se não houver de fato a competência da tarefa didática, por que então, a qualidade de ensino será prejudicada.

Entretanto, dois aspectos referentes à educação devem ser abordados, são eles: necessidades psicológicas e educativas. Por necessidades psicológicas entende-se por aquelas que os alunos interiorizam e que por muitas vezes são de uma certa forma imposta pelos padrões sociais, como o desejo de ascensão social, por exemplo, o qual exige para que isso seja possível, a apropriação dos moldes pré-estabelecidos como: passar de ano, tirar boas notas, ser o primeiro colocado nos processos seletivos, etc, os quais estão automaticamente nas necessidades educativas. Sendo que, o aluno ao ver suas necessidades psicológicas e educativas atendidas se automotiva.

O professor por sua vez tende a descobrir qual a melhor forma de abarcar essas necessidades sem prejuízo ao aprendizado. Assim, as três áreas de atuação do professor são: relações interpessoais, estrutura de aprendizado e apoio da autonomia e do desenvolvimento integral do aluno.

Segundo Morales, as relações interpessoais são manifestadas de diversas formas, das quais: a dedicação de tempo à comunicação com os alunos, a manifestação de afeto e interesse pelos alunos, o elogio sincero, o interagir com os alunos com prazer, entre outros; o oposto se trata de rejeição. Ou seja, os alunos devem sentir que o professor se interessa por eles, assim os alunos devem sentir-se livres para errar e aprender com seus erros. O sentir-se livre se traduz aqui por ausência de medo, de angústia… Aprender com os próprios erros é importante para o crescimento pessoal, seja emocional, social ou cognitivo.

A estrutura de aprendizado se refere à qualidade e quantidade de informações que são repassadas aos alunos, para que se tenha eficácia neste aprendizado: as expectativas devem ser demonstradas, ajudar quando houver necessidade, sentir-se ao mesmo nível dos alunos, etc; o oposto é o caos. Nesse sentido, o professor deve entender que a informação é uma fonte de poder, por isso, nunca deve utilizar, por exemplo, a avaliação como arma de castigo, controle e autodefesa.

A autonomia do aluno está relacionada com a liberdade concedida no momento da aprendizagem, por isso não se deve utilizar pressões ou a garantia de prêmios àqueles que realizarem com afinco as atividades. Cabe nesse ponto, ao professor a dura tarefa de transformar sua aula em um campo motivado pelo prazer e pela paz. E isso ainda pode trazer mais lucros ao bom relacionamento não só do professor-aluno, como do próprio aluno com outro, no sentido de que estes conseqüentemente possam aprender a colaborar, a respeitar-se entre si quando trabalham em grupo ou em projetos cooperativos; podem aprender a apreciar outras culturas, a desenvolver-se bem na sociedade.

Pontos fortes e fracos da relação

Como toda relação pessoal, a relação professor/aluno tem seus pontos fortes e fracos. Cabe agora analisarmos quais seriam estes pontos, para podermos chegar a um consenso com a idéia que o autor Morales escreve como sendo “o efeito Pigmalião”.

O efeito Pigmalião está ligeiramente ligado ao efeito referentes às expectativas do professor quanto ao rendimento do aluno em sala de aula. Essas expectativas nascem dos dados que o professor recebe dos alunos antes de iniciar seu relacionamento com estes. A partir de então, cria-se uma expectativa ou desejos, de que alguns alunos, aqueles considerados bons, tenham um ótimo desempenho. Essa expectativa termina muitas vezes prejudicando o trabalho do professor, que em vez de ajudar todos, termina beneficiando uns poucos.

Assim, as expectativas desenvolvidas pelos professores sobre alguns alunos, fazem com que estes tratem de forma diferente os alunos em sala de aula. O tratamento diferenciado pode se manifestar de diversas formas:

  • Os professores um “clima socioemocional” mais agradável com esses alunos;
  • Os professores dão uma informação mais colorida e diferenciada aos alunos que estão na simpatia deste, ajudando-os mais no aprendizado dos mesmos;
  • A impressão é que os professores nessa situação dão mais atenção no aprendizado dos alunos que gostam, em detrimento do restante da classe;
  • Assim, para os alunos escolhidos afetivamente pelo professor, há melhores oportunidades para participar na aula; o professor faz mais perguntas e dá mais tempo para respostas a destes alunos.

Esses procedimentos, entretanto, parecem não acontecer na realidade de tão perspicazes que são, porém, apesar de ser um procedimento discriminatório e, não aparentar seu verdadeiro intuito, na verdade é tão evidente que todos percebem, principalmente os alunos que não foram agraciados pela atenção dispensada.

Morales, afirma que a forma de tratamento especial que o professor dispensa ao aluno escolhido, cujas expectativas são bastantes altas chama-se teoria do afeto/esforço. Essa teoria é traduzida através de uma mudança de valor, pela qual, o afeto que o professor dispensa ao aluno é demonstrado pelo aumento do agrado dispensado a este. Aí vem o item esforço, pois para o professor esse esforço vale a pena. Agora, se o esforço do professor é compensado pelo esforço do aluno, então a atitude do professor é reforçada; isso significa relações recíprocas, o que é muito bom. Mas como todo processo desigual tem seu lado ruim, ou seja, contempla uns poucos em detrimento de muitos, esse inter-relacionamento termina muitas vezes discriminando aqueles que não conseguem acompanhar o ritmo dos bons, e terminam sentindo na pele a hostilidade por parte do professor.

Essas considerações discriminadas por Morales, segundo este autor foram adquiridas através de pesquisas, mas na realidade, o que vemos no dia-a-dia da escola, em particular na pública, é um retrato do resultado das pesquisas que envolvem o comportamento docente com respeito ao afeto em sala de aula. O professor não pode negar, até mesmo por causa de uma questão de consciência, que nós docentes desenvolvemos expectativas sim, principalmente quando se trata de alguém que gostamos, admiramos, entre outros. Por esse motivo, geralmente dispensamos tratamento diferenciado aos nossos alunos, proporcionando o “efeito Pigmalião”.

Contudo, a questão da expectativa é uma coisa a ser analisada, pois da mesma forma que contribuímos com expectativas para o sucesso do aluno, estamos automaticamente contribuindo também para o fracasso. Embora o resultado da pesquisa tenha apontado que os professores, em sua maioria parece preconizar mais o fracasso dos maus alunos, que o sucesso dos bons. Isso se dá devido ao fato de que nós os professores, desenvolvemos a tal expectativa, que unidas às nossas condutas terminam contribuindo para o sucesso de uns e o fracasso de outros.

Resumindo o professor precisa na verdade de uma auto-avaliação, pois as nossas atitudes em sala de aula podem trazem sérias conseqüências para o alunado, porque enquanto dispensamos expectativas positivas para uns, e com isso dispensamos mais atenção, afeto e cuidado; para outros, em geral, desenvolvemos expectativas negativistas, as quais terminam prejudicando aqueles que deixamos de atender de forma afetuosa. Dentre os alunos excluídos podem estar àqueles ignorados, que na maioria das vezes nem são desinteressados, e sim, tímidos. É comum nessa situação ficarmos preocupados quando um aluno bom tira uma nota ruim, e incomodados com aqueles que são considerados maus tiram uma nota boa.

Essa situação analisada deixa claro que, o relacionamento afetivo em sala de aula é muito bom; porém, temos que ter muito cuidado em não utilizar desse subsídio para praticar a discriminação com nossos alunos. Devemos sim, usar de expectativa com todos, saber que se estão ali é porque estão em busca de algo, e esse algo, cabe a nós professores proporcionarmos a eles. Para isso, devemos dar-lhes condições para a inclusão social, através não só da própria afetividade (que ajuda muito do processo ensino-aprendizado), mas na condição de educadores, pela prática educativa, com criatividade, para que assim possamos desenvolver nosso papel de mediadores entre os conhecimentos e os nossos alunos.

Diferenças entre professor e aluno

Dentre as muitas dificuldades encontradas pelo professor frente ao aluno, uma delas, talvez a mais crucial, seja a distância que separa as realidades de um e outro.

Conhecer o mundo do aluno é o elemento mais importante para uma boa relação entre professor e aluno, eis aí o caminho para que ocorra a verdadeira mediação de conhecimento que o professor deve realizar.

Assim como o professor não aceita imposições, também o aluno não as aceitará, novos caminhos devem ser experimentados e argumentos mais consistentes devem ser aplicados. Sendo o professor, como ele mesmo se classifica, mais experiente e maduro, deve, então, fazer valer tal afirmação em benefício do ensino aprendizado.

Mostrar caminhos é bem mais interessante que impor trilhos inalteráveis. Afinal vários caminhos levam ao mesmo lugar e, cabe ao professor, descobrir por qual caminho os alunos preferem seguir, ou melhor, qual deles têm menos pedras, o importante, nesse caso, é o professor ser uma bússola que os orienta quanto ao norte a ser atingido.

O aluno, só pelo fato de sê-lo, já é contestador, característica inerente à fase, que, muitas vezes o faz contestar fatos incontestáveis. Em determinados casos não aceita a posição do professor, pois este não aceita a sua realidade, a sua verdade. Vale lembrar ainda que uma sala de aula é composta por várias realidades, não só a do professor.

Adentrar a realidade do aluno sem invadi-la, deslumbrar-se e aprender com ele coisas novas, é o primeiro passo para fazer com que ele aceite a realidade do professor e do componente curricular, isso o fará entender e, por fim, aprender.

O aluno tem que se sentir parte integrante do aprendizado, porém não só como receptor, ele também quer ensinar algo e, certamente o professor tem algo a aprender com o aluno.

Não pode existir um vácuo entre professor e aluno, pois será exatamente aí o campo da dificuldade. Neste espaço caberá ao professor preencher com a amizade que deve haver entre ambos, pois a relação de respeito assim se tornará mais latente, o aprendizado mais eficaz e a satisfação plena de ambos.

A influência do relacionamento entre professor e aluno na formação inicial do autoconceito

O desenvolvimento humano não está pautado somente em aspectos cognitivos, mas também e, principalmente, em aspectos afetivos. Assim, a sala de aula é um grande laboratório para que se observe e questione os motivos que levam o convívio escolar do professor e aluno, muitas vezes, a ficar desgastado e sem estímulo.

Sabe-se que o ser humano tem grande necessidade de ser ouvido, acolhido e valorizado contribuindo dessa forma para uma boa imagem de si mesmo. Neste sentido, a afetividade está intimamente ligada à construção da auto-estima. Sendo assim, sua importância em toda relação é fundamental para os sujeitos envolvidos. Logo, a relação entre professor e aluno, deve ser mais próxima possível, pautada em partilha de sentimentos e respeito mútuo das diferentes idéias.

Vale ressaltar que a tarefa de educar deveria ser, para a maioria das famílias e professores, uma função tão natural quanto respirar ou andar. No entanto, educar apresenta em suas ações familiares e educacionais, e dentro de teorias consideradas ideais, uma complexa tarefa a ser desempenhada.

O contato com diferentes grupos sociais possibilita a construção do autoconceito da pessoa. A família e outras pessoas que convivem com a criança, fazem parte do seu primeiro grupo social representando neste momento, seu contato afetivo, que pode ser positivo ou negativo, influenciando no futuro desta criança. O autoconceito que essa criança terá de si refletirá em suas ações e na forma como será tratada ou mesmo percebida pelos outros.

Quando a criança ingressa na escola e tem uma visão negativa de si, demonstra um comportamento diferente dos demais colegas como, agressividade ou apatia e, na maioria das vezes é considerado preguiçoso, desatento, irresponsável, ou seja, aluno-problema e, automaticamente, encaminhada pela professora ao Serviço de Orientação Educacional, pois seu desempenho escolar apresenta-se comprometido. Porém, a questão está relacionada a inúmeros fatores, inclusive, no autoconceito que este aluno faz de si, quando não acredita no seu potencial de resolver situações desafiadoras e desanima no primeiro obstáculo que encontra.

Por isso, a escola deve propiciar melhores condições de aprendizagem, selecionando atividades e posturas necessárias, que promovam o resgate da auto-estima do aluno. O aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento, e determinar sobre que conteúdos a atividade intelectual se concentrará e, na teoria de Piaget, o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois componentes: um cognitivo e outro afetivo que, desenvolvem-se paralelamente. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e emoções em geral.

O papel da escola na formação do autoconceito

O papel da escola, enquanto relação professor/aluno, é de suma importância para que a formação da auto-estima seja pautada em segurança, autonomia de idéias, conceitos que o próprio aluno tenha de si e que contribuem para seu desempenho escolar e de sua vida como um todo.

A questão da afetividade e auto-estima é uma preocupação mundial. Todos os segmentos da sociedade têm essas abordagens em seus discursos e buscam práticas que possam condizer com o que acreditam verdadeiramente. A afetividade no trato com as pessoas é um pressuposto do que autores referem-se como o resgate a valores humanos esquecidos por nós que estamos envolvidos com a agitação do dia-a-dia.

A relação professor e aluno deve ser baseada em afetividade e sinceridade, pois: Se um professor assume aulas para uma classe e crê que ela não aprenderá, então está certo e ela terá imensas dificuldades. Se ao invés disso, ele crê no desempenho da classe, ele conseguirá uma mudança, porque o cérebro humano é muito sensível a essa expectativa sobre o desempenho”. (ANTUNES (1996, p. 56).

Como se pode ver a escola, como parte integrante e fundamental em uma sociedade, não pode ficar alheia a esta busca. Entretanto, apropria-se de pensamentos de teóricos como WALLON, PIAGET e VYGOTSKY, para basear suas ações pedagógicas e transformar a relação professor e aluno em um momento mais rico no processo ensino-aprendizagem.

Tais conhecimentos perdem sua validade quando professores e técnicos não estão comprometidos com mudanças em suas idéias tradicionais ou posturas, que trazem ranços de práticas escolares que apenas depositam informações nos alunos, desconsiderando assim a afetividade no processo ensino-aprendizagem.

Diante disso, é preocupante o número de casos que mostram alunos envolvidos em agressões entre colegas ou discussões com professores, casos estes, que observados em sua essência, demonstram carência afetiva, demonstrando que o conceito que o aluno tem de si é negativo.

Sabe-se, no entanto, que a escola não é a solução para todas as dificuldades existentes do ser humano, porém, como órgão educacional que tem como uma de suas funções a formação do cidadão como sujeito construtor do seu contexto histórico, pode e deve contribuir para mudanças

significativas na relação professor e aluno, pois, além da sala de aula que oferece conteúdos e provas, a afetividade está presente em cada ação e busca seu espaço no espelho que a turma repassa aos técnicos quando dispõem do diário de notas, conselho de classes, conselho escolar e tantos outros instrumentos e setores que retratam esta relação.

Por conseguinte, para a construção da auto-estima é necessário buscar a responsabilidade e não a culpa, criar um clima de confiança que faça com que a pessoa sinta-se genuinamente aceita, compreendida e respeitada, sentimentos que ajudam a trabalhar núcleos emocionais que bloqueiam condutas inadequadas. Os educadores sabem que as crianças aprendem melhor quando estão satisfeitas com elas mesmas e que bons sentimentos são importantes.

No entanto, alguns professores desconhecem seu papel de espelho dentro de uma sala de aula, esquecendo que seus alunos os admiram e estão preocupados em ser iguais a eles, acabando por imitá-los em suas atitudes e até pensamentos. Se os professores percebessem essa imitação sem dúvida procurariam policiar suas palavras e posturas. Que maravilhoso seria se professores e alunos pudessem espelhar-se em fatos e pessoas positivas, que emanassem confiança, autonomia e sinceridade.

Esperam-se mudanças na educação a partir de conscientização de novas metodologias que insiram cada vez mais o aluno em uma vida escolar que retrate sua realidade e que busque a contextualização, porém, olhando-se de outro prisma, a solução para a educação pode estar no afeto. Afeto este que inclua, que proporcione crescimento e valorização do ser humano e reconhecimento pessoal como sujeito ativo na construção da história.

Mais do que aula, muitas vezes o aluno vai para a sala de aula em busca de respostas que esclareçam o seu verdadeiro papel na sociedade. Considera esta escola, como grupo social que pode contribuir para sua formação como cidadão e, na maioria das vezes, o professor não se preocupa com o tipo de aluno que está convivendo, muito menos, em estabelecer um vínculo afetivo mais forte nesta relação favorecendo atitudes positivas que favoreçam na formação da auto-estima do aluno.

Neste sentido, a emoção será compreendida dependendo da ativação ou redução da afetividade, no entanto, o autocontrole não é uma habilidade que se desenvolve naturalmente dada à maturação temporal da criança. Todas precisam de uma aprendizagem específica, pois uma relação é algo que se constrói dia-a-dia, no entendimento de si e do outro.

Por isso, é preciso que se tenha cuidado com as palavras escolhidas para a comunicação, levando em consideração o tom de voz que deve ser firme e não acusador e padrões de linguagem que encorajem a auto-avaliação e o automonitoramento por parte da própria criança, fazendo com que ela aprenda a amar-se, conhecendo seus limites pedindo ajuda quando necessário.

Afetividade

Como atividade essencialmente criadora, a educação apresenta o escopo de guiar o homem no desenvolvimento dinâmico, no curso do qual se constituiria como pessoa humana, dotada de armas do conhecimento, do poder de julgar e das virtudes morais.

No contexto das dinâmicas sociais, a educação e a instituição de ensino, no papel de seus professores, devem apresentar um caráter crítico de elevação cultural do indivíduo e da sociedade.

Conhecer é apropriar-se intelectualmente de um dado campo de fatos, ou de idéias que constituem o saber estabelecido; pensar é enfrentar pela reflexão a capacidade de uma experiência nova cujo sentido ainda precisa ser reformulado que precisa ser reproduzido pelo trabalho de reflexão, sem outras garantia senão o contato com a própria experiência”. (CHAUÍ: 1998, p. 45)

É de suma importância que o professor, por maior que seja sua capacidade, seu conhecimento, sua formação, tenha consciência de que ele e seus alunos estão em locais, ângulos opostos: por outro lado, ele não deve se vangloriar desta hierarquia e muito menos de seu conhecimento. Para que haja uma boa convivência entre professor e aluno um bom diálogo é fator de essencialmente.

Entretanto, não é esta realidade que observamos no contexto educacional brasileiro, pois o professor geralmente é arrogante, inseguro, ansioso e acaba criando um clima de terror em sala de aula. Na maioria das vezes a causa desta problemática está na má remuneração, na falta de preparo, na instabilidade familiar, fatores que influenciam no desempenho do docente.

Uma boa estruturação é essencial na carreira do docente. A dinâmica de grupo e os debates constituem-se em eixos norteadores na resolução de problemas, já que se tratam de ferramentas que aproximam educador e educando. (FERREIRO, 1982:12).

A aula deve ser encarada como uma relação entre professor e aluno, numa aprendizagem mútua, onde a escola seja encarada como um lugar de reflexões na construção e reconstrução do saber.

Nesse contexto, a reflexão sobre a importância e o papel do professor e do seu relacionamento com os educandos, vai bem mais além, pois estamos diante de constantes mudanças, onde o novo sempre traz expectativas que muitas vezes são obscuras, preocupam e deixam os profissionais perdidos. O objetivo de enfrentar esse grande desafio, também inclui em vencermos os nossos medos, que não são poucos, a fim de contribuirmos para um futuro melhor, onde devemos romper com antigos conceitos, através de critica, criatividade, afetividade e diálogo, para a construção de novas formas no presente, com vistas ao futuro.

No instante em que se fala sobre construção do conhecimento e da aprendizagem e sua relação com a afetividade, tem-se esta envolvendo o uso e o desenvolvimento de todos os poderes e capacidades do homem, tanto físicas, quanto mentais e afetivas. Logo, aprendizagem/construção do conhecimento, não se rotula na simples memorização mecânica de conteúdos, fatos e experiências, mas sim abrangendo o todo humano, haja vista que, no universo físico-psicoemocional, a construção do conhecimento não pode ser vista e/ou analisada for forma fragmentada.

A psicanálise considera a afetividade como o domínio e que se desenvolve uma energia psíquica, biológica – a libido; estruturais em sentimentos acordes com leis que, violadas, levam à neurose individual ou coletiva. O prazer e a dor guiam o instinto sexual para a formação dos amores e malquerenças do lactente e da criança mais crescida. Daí ser a vida afetiva essencialmente a do conflito entre o eu e o meio. O eu, egoísta e hedonista por excelência; o meio, impessoal e exigente, cujos finais se tornam transcendentes ou somente ocultos durante quase toda a vida do indivíduo.

Tanto o aspecto cognitivo quanto o afetivo desempenham papéis chaves no desenvolvimento intelectual. Considerando os postulados teóricos dos diversos autores que estudam o assunto, a construção do conhecimento-aprendizagem, pode ser caracterizado:

  • de forma gradual, o conhecimento é construído aos poucos, onde cada indivíduo tem seu ritmo próprio e aprender;
  • de forma cumulativa, onde cada nova aquisição-experiência se adiciona ao repertório já adquirido;
  • de forma integrativa, supondo uma dinâmica interna, mental de aprender e apreender onde o conteúdo teórico apreendido na prática interage com a teoria;
  • de forma contínua, onde o indivíduo aprende ao longo de sua vida/desenvolvimento.

A afetividade passa então a constituir um outro fator que influencia diretamente na aprendizagem, ou seja, a relação afetiva entre quem ensina e quem aprende, isto é, a afetividade entre o professor e o aluno. O caráter afetivo influencia nas construções cognitivas, possibilitando liberdade, confiança, honestidade, etc., na (re) elaboração de saberes/conhecimentos.

Vida afetiva e vida cognitiva são inseparáveis, embora distintas, já que o ato de inteligência pressupõe uma regulação energética interna (interesse, esforço, facilidade, etc), o interesse e a relação afetiva entre a necessidade e o objeto susceptível de satisfazê-la.

Certamente, a afetividade interfere na aquisição de conhecimentos, pois pode acelerar ou retardar o desenvolvimento cognitivo de uma criança, um fato que pode ser percebido quando se observa a importância/diferença que faz a criança quando a professora espera na porta da sala de aula e diz a cada um bom-dia, dando-lhe um abraço, um beijo, antes do início das atividades diárias de sala de aula.

Certamente, é muito importante para a criança perceber no professor(a) um amigo(a), já que é o laço afetivo que irá influenciar diretamente na aquisição do conhecimento. Vale ressaltar que, na dinâmica do processo ensino-aprendizagem, encontra-se também a moralidade, pois esta estabelece regras do jogo que se chama aprendizagem. Na verdade, a moralidade humana é o palco, por excelência, onde a afetividade e a razão se encontram, via de regra, sob a forma de confronto. Em outras palavras, a afetividade interfere no uso da razão.

Para que a criança aprenda o juízo de moral, este poderá ser feito, através de regras de um jogo, trabalhando o contrato/acordo entre partes, o respeito às regras do mesmo, construindo a moralidade do futuro homem individual e social. O ingresso da criança na sociedade certamente se dá pela aprendizagem de diversos deveres a ela impostos pelos pais e adultos em geral: não mentir, não pegar as coisas dos outros, não falar palavrão, etc.

O adulto deve perceber que a criança irá evoluir em seu juízo de moral e que aquele ditado “faça o que eu falo e não faça o que eu fizer” estará ultrapassado com o tempo, pois gradativamente a criança chegará a etapa da autonomia mais crítica diante do que o adulto fala e transmite, e também do mundo que o rodeia.

Quem nasceu primeiro, o aluno ou o professor?

No dicionário, o aluno vem antes do professor. Na vida, em geral, vemos o professor ter mais importância do que o aluno.

Alguns educadores se queixam de que atualmente só se fala dos direitos das crianças e adolescentes, esquecendo-se os direitos dos professores. Outros lembram que os alunos também têm deveres, e que os direitos dos professores são como os de qualquer outra categoria profissional que deseja e merece ser valorizada, e portanto devem ser reivindicados junto à Justiça do Trabalho, e não nos confrontos em sala de aula.

Pensando um pouco mais filosoficamente, professor e aluno são dois lados da mesma moeda – o conhecimento.

Devemos primeiro buscar entender o que é aluno e o que é professor. Se partimos da premissa de que para ensinar alguma coisa, antes é preciso aprender, então o aluno está no início de tudo. Nascemos alunos, crescemos alunos, morremos alunos. Para os que crêem, Adão foi o primeiro aluno, Eva a segunda, e a serpente a primeira professora (será que vem daí a tradição de se dar maçãs aos mestres?!?). O mesmo Adão pode ser considerado o primeiro professor de Deus, ao ensiná-lo que aquela perfeição toda que Ele planejara não seria nada fácil de alcançar. Se até Deus é aluno de sua criação, a pergunta está respondida?

Não podemos nos limitar a cosmogonias teológicas, se queremos expandir os significados da pergunta. Justamente por não ter gabarito é que é bom respondê-la de vários ângulos. Vejam só: descontando-se a teologia, a dedução natural nos leva, inescapavelmente, ao aluno como início de tudo. Mas o pensamento circular oriental nos ensina que todo início é também fim, e que todo aprendizado é também ensinamento. Se o aluno-essencial aprende, alguém ou alguma coisa o ensina. Considerando que a Vida pode ser personificada, com o nome que for (Natureza, Existência, Experiência, Interação com o Meio), esta sim, é a primeira Mestra de todos nós. A Vida nasceu primeiro, portanto o Professor nasceu primeiro. Mas se esta abstração não for aceita, e considerarmos que só valem, como alunos e professores, os seres humanos, então somos mesmo alunos. E professores. Se a Vida nos ensina tudo, e quem vivemos somos nós, então somos nós nossos próprios professores.

É nascer e aprender consigo mesmo: nossos instrumentos de aprendizado estão a postos – visão, tato, paladar, audição, olfato, de cara temos uma série de disciplinas para o curso intensivo que é viver. Mesmo sem saber, o primeiro aluno carrega consigo o primeiro Professor.

Professor-aluno: a relação de transferência que faz a diferença

A psicanálise muito tem a contribuir para a formação de educadores, já que estes, preocupados com a construção do conhecimento do aluno, devem atentar-se para os aspectos  motivadores do despertar da curiosidade do aluno, processo no  qual a representação que o professor causa constitui peso considerável.

Quem não se recorda de alguém já ter dito o quanto determinado professor foi capaz de influenciar consideravelmente na opinião, motivação e relação do aluno em relação a uma disciplina específica? Este fato recorrente encontra na psicanálise fundamentações teóricas para sua sustentação: as transferências, que seriam reedições dos impulsos e fantasias despertadas que trazem como característica a substituição de uma pessoa anterior pela pessoa do professor.

Para a criança pequena a autoridade única e a fonte de todos os conhecimentos. Eles são os primeiros símbolos para a criança, os quais serão contestados somente mais tarde. A escola possui papel fundamental na descontinuidade deste pensamento, quando distingue  o conhecimento que o aluno trás de casa com a  forma pela qual ele é tratado pelo professor. É de praxe encontrar alunos fazendo suas tarefas de casa e, frente às intervenções sugeridas pelos pais, tenham se retraído veementemente, alegando que a forma proposta por eles não é do jeito da professora, está errado!

Tal fato é um exemplo de transferência: os pais, em primeira instância tidos como mantenedores de todo o conhecimento, têm suas posições deslocadas para os professores, que devem por isto estar ciente deste processo psicanalítico, para que possam lidar da melhor forma possível a favorecer a construção do conhecimento. Isto porque: somente alguém que possa sondar as mentes das crianças será capaz de educá-las.

A psicanálise explica que as pessoas com que a criança passa a conviver fora do círculo abrangendo pai, mãe, babá, irmão ou irmã passarão a exercer um papel de figuras substitutas desses primeiros objetos de seus sentimentos, tornando-se imagens destes.

A transferência é uma manifestação inconsciente e como tal, pode nos deixar em armadilhas tais como nos atos falhos, pois através da transferência podemos nos inclinar ou rejeitar pessoas que estão à nossa volta sem aparentemente sabermos o por quê.

Dessa forma, sentimentos de simpatia ou rejeição gratuitos que tanto o professor pode sentir em relação a algum aluno, assim como algum aluno em relação ao professor; podem ter origem nesta premissa, já que os relacionamentos posteriores são obrigados a arcar com uma espécie de herança emocional. Todas as escolhas posteriores de amizade e de amor seguem a base das lembranças deixadas por esses primeiros protótipos.

O professor entra em cena geralmente na segunda metade da infância, momento no qual a criança está começando a relativizar a alta opinião original que tinha pelo seu pai, o que torna-os ocupadores da posição como pais substitutos. Tanto é verdade que, transferem-se para estes o respeito e as expectativas ligadas ao ideário do pai da infância.

Não é ao acaso que as classes que atendem ao público infantil chamam-se comumente de maternal, ou seja, que se relaciona ao amor materno, no intuito de criar uma identificação nas crianças com o ideário, com as imagos de sua família.

Porém, após o primeiro segmento do ensino fundamental, percebe-se uma divergência na relação professor-aluno que pode ser prejudicial para o desenvolvimento afeto-cognitivo dos alunos, por sofrerem uma mudança tão brusca no aspecto relacional com esses objetos transferências de suas expectativas, que são os professores.

As turmas, antes sob regência de apenas uma professora, passa a possuir tantos professores quanto o número de disciplinas oferecidas e uma maior distância e frieza nos aspectos afetivos são valorizadas, em detrimento do conhecimento a ser transmitido por si. O professor não pode perder de vista que: A transferência, construída na relação professor-aluno, pode incentivar o processo de aprendizagem dos alunos.

O professor deve assim, atentar-se para estimular situações de envolvimento com os alunos, de aproximação, de contato, além de dedicar todo um cuidado à sua apresentação. Ele não deve considerar-se como sujeito petrificado com a simples tarefa de transmitir conhecimentos para alunos-objetos, podendo desprover-se de quaisquer responsabilidades além do conteúdo. Os alunos que ali estão em suas aulas trazem mundos dentro de si, trazem seus históricos inconscientes, impulsos e forças reguladoras, além de forças identificatórias desejosas por encontrar referenciais a construir. São sujeitos e assim devem ser considerados, respeitados e ouvidos, além de alimentados por imagens positivas.

Um professor pode ser ouvido quando está revestido por seu aluno de uma importância especial. Este será ainda mais  especial quanto mais acreditar ser o seu aluno também especial. Graças a essa importância bilateral de identificações, o professor passa a ter em mãos um poder de influência sobre o aluno e vice-versa.

O educador não pode perder de vista este embasamento que a psicanálise oferece, para que possa estar cada vez mais capacitado e apto a agir da melhor maneira em nome do alcance de seus objetivos: favorecer a construção do conhecimento, da cidadania, da ética e a da arte em seus alunos.

O educador pós-moderno

O professor desempenha papel fundamental no processo ensino aprendizagem, pois não é fácil nos primeiros anos da escola fundamental, criar condições para que os alunos construam conhecimento físico. Pôr isso é importante discutir alguns pontos que dizem respeito ao modo como o professor cria um ambiente propício ao desenvolvimento cognitivo e afetivo de seus alunos.

Mediante o contexto atual, verifica-se um grande processo conturbado, no âmbito da política, cultura, no social e educacional. Momentos de desencontros, desacertos, mas que nos quais emergem sinais de vida, ou seja, esperanças de mudanças, e ao serem destacadas as mudanças educacionais, observa-se à necessidade de refletir sobre o verdadeiro compromisso pôr parte do educador no relacionamento e aprendizado com o aluno, uma vez que ao assumir seu papel, deve fazê-lo com responsabilidade e veracidade.

A priori, falar em relação é falar em entrosamento, parceria, convivência a dois ou mais indivíduos. E a necessidade de viver em comunidade é natural do homem, embora cada um tenha sua personalidade, sua identidade, sua opinião, seu ponto de vista. Considerando esses aspectos podemos ressaltar dois tipos de grupos citados por FREIRE (apud GROSSI 1992, p.61): “Há dois tipos de grupos: primários e secundários”. A família é um grupo primário. Secundários são grupos de trabalhos, estudos, instituições etc. A família (grupo primário) e as escolas, igrejas, clubes e outras instituições sociais (grupo secundários), com alguns objetivos afins, possuem pessoas de diferentes pensamentos e com diferentes papéis que convivem, tentando alcançar todas juntas determinadas metas.

Ao reportarmos para a escola, encontramos também essa relação entre professor e aluno, só que infelizmente, na maioria das vezes, o que se vê neste contexto é uma relação problematizadora; professores dificultando a relação de parceria com seus alunos, fazendo com que esta seja bem distanciada.

Os professores constituem-se e identificam-se como tais a partir de suas relações com seus alunos, e estes pôr sua vez de igual forma. Uma vez que a escola é vista como ambiente destinado aos processos didáticos-pedagógicos, professores e alunos convivem cotidianamente pôr longos períodos, devendo existir entre eles relações humanas e proximidade pessoal.

Pode-se dizer que no relacionamento professor-aluno, querendo ou não, há troas de experiências e de conhecimentos, no qual o professor estando no lugar de quem deve ensinar, de transmitir conhecimentos, também aprende com a realidade de cada aluno; e o aluno no lugar de quem recebe ensinamentos, também ensina e aprende, mesmo sem intencionalidade.

Há sempre uma circulação de conhecimentos formais e sistemáticos, de que os primeiros (professores) são titulares, como também de saberes da vida cotidiana, das formas e conteúdos culturais, de que os alunos são igualmente portadores.

Neste sentido percebe-se, entretanto, que há nestas trocas de conhecimentos relações ou conflitos, haja vista que professores e alunos estão ali em diferentes lugares e posições de poder, muitas vezes distanciado pela diferença de idade, de origem e posição social e até mesmo pela linguagem utilizada pôr ambos, e com isso os alunos acabam fechando-se entre si, não permitindo uma abertura para uma relação mais harmoniosa, causando desta forma um confronto no convívio escolar, no qual nas formas de relacionamento corre-se o risco de um comportamento autoritário do professor, estimulando os alunos a se afastarem dele.

O que se percebe no âmbito escolar é uma visão de professor dono do saber e da situação. Logo que entra na sala de aula, sua postura já demonstra autoritarismo e sua fala reforça mais ainda sua relação de poder: “Eu não quero bagunça; todo mundo copiando; senta e não fala nada”; e o aluno se mostra coagido perante o professor, resultando assim no fracasso escolar, podendo até gerar danos sérios com este aluno.

Ao falar sobre as relações de poder na escola, medo e prazer, desejo e liberdade também é importante considerar vida e morte, e violência que é praticada pôr um sistema muitas vezes perverso. GROSSI (1992, p.40)

Sistema este que serve para classificar, excluir, marginalizar o aluno, ao dar sua nota com resultado de reprovação. E o professor sem a mínima preocupação em saber quais os fatores que fizeram este educando ser reprovado, classifica-o como um ser que jamais aprenderá, acabando de vez com a possibilidade de haver a relação de parceria.

Sabe-se que a integração entre os dois segmentos professor-aluno é fator fundamental para o êxito de qualquer experiência, ou seja, aprendizado, pois às vezes a rigidez do ensino em que o professor tem um roteiro preestabelecido de conteúdos para ministrar, também afasta a possibilidade de envolvimento.

É válido ressaltar a questão da participação em sala de aula, no qual o interesse dos alunos pôr aquilo que o professor está propondo, se torna uma realização deste professor, sentir que alguém se interessa pôr aquilo que ele um dia se interessou, e resolveu até dedicar a vida a isto. Muitas vezes, a não participação dos alunos em sala de aula é uma forma de boicotar o trabalho, pois não dão retorno, não ajudam o professor, a saber, o que está indo bem, se estão entendendo, se estão achando interessante ou não. Quando o aluno se posiciona em sala de aula, quando participa, inclusive para criticar, o professor sente que não está falando com as paredes, que não está sozinho.

Observa-se então que a relação de ambas as partes (professor-aluno) se fortifica mais ainda, a partir do momento que o educador valoriza seu educando e se conscientiza de que também é aprendiz, vai interagir melhor nessa relação, criando uma confiança pôr parte do educando, que pôr sua vez perderá o medo, a insegurança e falta de interesse, e parceria, o comungar das idéias, será relevante para que a aprendizagem aconteça com êxito. A interação entre professor e aluno é fundamental no processo ensino-aprendizagem. A manutenção de um clima afetivo é fundamental. Com ele o aluno se sente confiante e não temeroso diante do professor.

A relação assim é harmonia, acontecendo à descontração na aprendizagem; o aluno vai entender melhor o assunto dado pelo professor, tirando assim suas dúvidas sem dificuldades na relação, havendo meios e expectativas na construção de um novo saber, em que o professor e os alunos participarão de uma verdadeira comunicação.

O professor refletindo sobre sua ação, busca um compromisso sério, pois envolverão ambos os partícipes do processo educacional: professor-aluno, não estando mais isolado um do outro. O educador passa a interagir com o aluno ao trazer deste para a sala, fazendo-o participar do contexto em que está inserido. E o que é mais significante, a cada ensino-aprendizagem, deverá refletir sobre, para poder saber melhor agir, com seus alunos.

Com isto, FREIRE, ressalta sobre o verdadeiro compromisso como gesto solidário:

O verdadeiro compromisso que é sempre solidário, não pode reduzir-se jamais a gestos de falsa generosidade, nem tão pouco ser um ato unilateral, no qual quem se compromete é o sujeito ativo do trabalho, comprometido é aquele com quem se comprometeu e a incidência de seu compromisso que sendo encontro dinâmico de homens solidários ao alcançar aqueles com os quais se compromete, volta destes para ele, abraçando a todos num único gesto amoroso. FREIRE (1979, p.9)

Sendo assim, o ensinar então para o professor, não será mais um simples ensinar, mas um envolver-se com o aluno, numa tarefa de ajudá-lo a melhor aprender. O educador passa a ser medidor da aprendizagem e não mais um mero transmissor e conhecimentos; e o aluno torna-se um ser participativo, construindo seus próprios conhecimentos a partir do seu contexto em evidência, desafios, propostas, levantando questionamentos para esclarecimentos de dúvidas.

Em fim, fazendo-se pessoa na esfera educacional e compreendendo o mundo através do diálogo com os demais sujeitos no processo de ensino.

A tarefa coerente do educador que pensa certo é exercendo como ser humano a irrecusável prática de inteligir, desafiar o educando com quem se comunica, produzir sua compreensão do que vem sendo comunicado. FREIRE (1996, p.42).

É nesse desafio lançado também para o aluno, que o professor dará mais oportunidade para ele (aluno) de si tornar mais responsável. À medida que percebe que está sendo parte do processo de aprendizagem ao ser participante ativo, evitando dessa forma a falta de estímulo e até, muitas vezes de evasão escolar.

Nesta concepção é que se estará percebendo a transformação acontecer. O professor passa a ser animado, dialogando com os alunos e trabalhando pedagogicamente as características de cada grupo, num engajar crítico de ambas as partes, partindo do ato de conhecer, resultando numa relação horizontal.

É através do pensar e repensar de seus atos, que o educador através de seu novo pensamento e modo de agir, constituíra como grupo (aluno) um meio constante de trocas de aprendizagem, assim como, experiências vivenciadas e aprimoradas pelo meio, tornando os alunos em verdadeiros sujeitos da história.

A educação está movida não somente pelo intelectual, mas principalmente pelo emocional, através da alegria, entusiasmo e desejo que o educador deva ter em desejar transforma-se e mudar seu educando.

Com isto, destaca-se um questionamento: Por que determinados docentes são considerados como bons professores por seus pares, por seus alunos e mesmo por quem não tem contato direto com o ensino? Seria este professor o inovador por excelência? Ou o amigo de sempre, que contas piadas aos alunos, que se interessa por suas vidas, e que é despido de qualquer formalidade?

É certo que o bom professor tem consigo idéias e consciência de um bom relacionamento humano e de clima favorável e necessário a uma educação de prazer e qualidade de ensino.

Existe um certo consenso sobre os comportamentos que se espera de uma aluno e o mesmo acontece com relação ao professor, pois se pode dizer que não há dúvidas de que existe entre alunos e professores um jogo de expectativas que estão relacionados ao desempenho dos dois e que o desempenho de ambos vai depender muito da relação, principalmente afetiva e de respeito entre eles.

Dificilmente um bom aluno apontaria um professor como bom ou melhor de um curso sem que este tenha as condições básicas de conhecimento de sua matéria de ensino ou habilidades para organizar suas aulas além de manter relações positivas. CUNHA (1989, p.69).

Contudo, quando os alunos verbalizam o por que da escolha do professor, destaca os aspectos afetivos.

Neste caso, entre as expressões relatadas pelo autor, algumas mais usadas foram: o professor é amigo, é compreensivo, é gente como a gente, se preocupa com os alunos, é disponível mesmo fora de sala de aula, coloca-se na disposição dos alunos, entre outros.

É importante ressaltar que a forma como o professor se relaciona com sua própria prática, com sua área do conhecimento e mesmo com a produção do conhecimento, sua metodologia, é fundamental e conforme Cunha, interfere na relação professor-aluno, e parte desta relação.

Um professor que tem um bom relacionamento com os alunos tem mais chances de acreditar nas potencialidades, e se preocupar com o aprendizado e com o nível de satisfação para os alunos, tornando mais atrativas e estimulativas da participação dos alunos no ensino, uma vez que o professor que tem uma boa relação com seus alunos, é natural preocuparem-se com formas dialógicas de interação, com os métodos utilizados no aprendizado.

Dessa forma, pode-se dizer que o professor precisa estar voltado para um trabalho harmonioso, no qual aprender e ensinar se torne prazeroso tanto para o aluno, como para o professor respectivamente, pois quanto maior o senso de humor, o gosto de ensinar, do professor, entre outros, pensamentos que mais agradável e interessante se tornarão às aulas.

É na questão da participação, da colaboração, do incentivo e do estímulo, que colocamos o relacionamento professor-aluno como um desafio para o educador, visto que boa parte dos professores atuantes em sala de aula sente dificuldades em fazer os alunos agirem, no qual acredita-se que a aprendizagem se faz melhor eficiente quando o aluno age e interge no processo ensino-aprendizagem, desenvolvendo desta forma uma certa autonomia.

Com isto, observa-se que a autonomia dos alunos deve ser desenvolvida desde as séries iniciais, ou seja, desde muito cedo, quando ainda criança. E para isso é necessário que os professores tomem muito cuidado ao estipularem regras, principalmente aquelas que possam intervir no trabalho e na convivência em sala de aula.

PESSOA (1998, p. 29) ressalta que: “criar alunos autônomos, que saibam pensar, tomar as próprias decisões e estudar sozinhos, é uma das metas do ensino”. Muito se fala que um dos principais objetivos da escola é levar o aluno a aprender a aprender, mas para que isso aconteça é necessário redefinir as relações professor-aluno na sala de aula.

Dessa forma percebe-se que os professores devem levar seus alunos a pensarem por si mesmo e a cooperarem sem coerção, ajudando-o a construir suas próprias razões morais, físicas, afetivas e, portanto sua autonomia. E para ser desenvolvida essa autonomia dos alunos é preciso que o professor tenha regras claras, mas que essas regras não sejam impostas e sim explicadas, discutidas entre professores e alunos, possibilitando desse modo uma relação de respeito e confiança entre ambos, no qual a responsabilidade do que acontecer em sala de aula, não deve ser unicamente do professor, como diz PESSOA (1998, p.29), “essa responsabilidade tem que ser repartida e os alunos devem tornar-se co-responsáveis pelo seu aprendizado”.

Podemos dizer que o desenvolvimento humano da autonomia dos alunos não só é um desafio para o educador como também faz parte do relacionamento professor-aluno, no sentido de criar condições para os educando, pensarem, argumentarem, exporem idéias próprias e não apenas repetirem o que é dito pelo professor.

O professor é capaz de reconhecer que a ação do aluno não é isolada, mas está apoiada na ação dele, deve ser capaz de utilizar os resultados obtidos pelos alunos a fim de avaliar o próprio trabalho, ou seja, o professor deve ser capaz de analisar, refletir sobre os seus atos a todo o momento, procurando mudanças significativas no seu agir.

Os alunos precisam perceber que a situação do professor em nossa sociedade está muito delicada e o aluno tem em mãos um potencial incrível para ajudar a reverter este quadro, por quantas vezes o professor não está percebendo onde está falhando, e ninguém sinaliza, no qual o seu compromisso ético e pedagógico de educador deve ser manifestado primordialmente na colaboração, que resultará num clima esperançoso na aprendizagem como no próprio contexto escolar.

O ambiente educativo deve ser lugar fascinante e inovador e com capacidade de propiciar ao aluno elementos necessários à aprendizagem, pois através do prazer, da ternura é que acontece a metamorfose do conhecimento. Visto que a falta destas potencialidades na aprendizagem, possa ser apenas um elo de instrução.

O ambiente pedagógico tem de ser lugar de fascinação e inventuidade. Não inibir, mas propiciar, aquela dose de alucinação consensual entusiástica requerida para que o processo de aprender aconteça como mixagem de todos os sentidos. ASSMANN (1998, p. 29).

Desse modo, informar e instruir são aspectos importantes, mas o conhecimento vai além de informações, haja vista que o prazer representa a chave do reencantamento, pois, o ato de educar, deve estar comprometido com a vivência do indivíduo para fluir conhecimento imbuído em experiência de aprendizagens.

Observou-se através do texto reencantar a Educação, que educar é uma arte, em que esta arte, ajuda na construção e na edificação do conhecimento do cidadão, tornando-o um ser crítico, reflexivo e humano. Já que a educação torna-se um mérito tão importante de conhecimento na vida desse indivíduo com o aprender e o ensinar, transformando o seu contexto sócio-político e cultural.

Percebe-se com isso, que um dos fatores preponderante nessa educação sedutora, é a interação social imbuída em uma construção de sujeitos em transformação, o qual estará em constante busca do conhecimento, pretendendo chegar a realidade de uma maneira abrangente e organizadora, procurando obter total sedução através dos questionamentos, reflexões e das ações trabalhadas pelo educador no seu contexto. Nesse sentido, ASSMANN (1998, p. 34) ressalta que: “o compromisso ético-político do/a educador/a deve manifestar-se primordialmente na excelência pedagógica e na colaboração para um clima esperançoso no próprio contexto escolar”.

Podemos dizer que o ato de ensinar não tem uma fórmula pronta e sim o processo gradativo e uma construção que envolve sempre a reflexão na ação e que cada dia em sala de aula é diferente. Portanto, a reflexão é um ato político que contribui para a construção da própria individualidade do aluno e do professor pós-moderno.

Apesar de toda evolução da  tecnologia, e a pós-modernidade, a educação, ainda é vista de forma cansativa, intolerante e complexa, tornando-se um desafio para o educador, que deve ter consciência do seu papel de produtor e incentivador de conhecimentos e que sua ação pedagógica vai muito além daquela que se realiza no ato de ensinar disciplinas.

De acordo com ASSMANN (1998), o (a) educador(a), deve proporcionar e tornar fácil uma educação, que anseie e cobice seres humanos politicamente capacitados, habilitados e dispostos a atuarem e influenciarem em uma sociedade aniquiladora e inflexível. Os educadores precisam ter ânsia na cobiça dessa transformação destes seres, tentando transformar seus alunos em pessoas críticas, reflexivas e acima de tudo humanas, permitindo o afloramento de descobertas e de novos conhecimentos que estejam inseridos em um contexto globalizador.

É válido reforçar que o papel do educador no contexto escolar não é de apenas ensinar conteúdos e sim fazer dos alunos, seres capazes de intervir e conhecer o mundo, ensinando-os a pensar o certo.

Pensar o certo, do ponto de vista do professor, tanto implica o respeito ao senso comum no processo de sua necessária superação quanto o respeito e o estímulo à capacidade criadora do educando. Implica o compromisso da educadora cuja promoção da ingenuidade não se faz automaticamente. (FREIRE, 1996, p. 32).

A citação acima nos faz compreender que o professor ou até mesmo a escola, tem que aceitar as experiências de vida dos alunos, pois os mesmos não são caixas vazias que nada sabem ou nada entendem, que é só na escola que vão saber tudo, na verdade o aluno sabe muito mais que o professor pensa, e ele deve aceitar o que o educando sabe, mesmo sendo conhecimento do senso comum, ele deve respeitar e estimular este aluno a criar, interrogar, pensar criticamente, fazer com que o mesmo tenha curiosidade e é através desta curiosidade que ele vai procurar aprender cada vez mais.

A responsabilidade do educador, de que às vezes não nos damos conta, é sempre grande, neste sentido percebe-se que a responsabilidade do educador é muito ampla em sua prática educacional, uma vez que visa a formação pessoal, ética, moral física, política, econômica e social do educando. É por isso que o professor precisa conhecer com clareza as diferentes dimensões que caracterizam sua prática, que não pode negar que o seu papel fundamental é possibilitar de forma positiva que o educando vá sendo o próprio eixo de sua formação, mas com a ajuda necessária do educador.

A organização do processo de aquisição de habilidades, atitudes e conhecimentos específicos e, transformando e convertendo sujeitos, em pessoas mecanizadas (programadas em instruções), consumidoras e reprodutoras de conhecimento.

Com base na proposta de melhoramento da educação, o professor deve se tornar um ser crítico, reflexivo e acima de tudo humano, trabalhando as informações dentro de uma forma contextual, coesa e límpida, para que seu aluno possa conectar, com bastante clareza o que lhe foi propagado pelo seu educador. A partir do momento em que desponta sobre a relação professor e aluno dentro de uma abordagem tradicional, a mesma (revelação) precisaria ser trabalhada e conquistada através do diálogo, da participação, da troca de idéias e cooperação e, acima de tudo, inserida em um processo de interação-integração, ambos (educando e educador) interagindo (construindo) conhecimentos, já que são personagens centrais de um conjunto de segmentos em que crescem juntos e não por forma andocêntrica, totalmente incompatível com as maneiras democráticas de gerenciamento de uma instituição que busca trabalhar a cooperação e independência do indivíduo, enquanto homem em formação.

É preciso acentuar que o educador não precisa ser aquele mentor (direcionador) do conhecimento, em que os saberes ficam centrados somente em sua imagem, com isso bloqueando, deturpando e dificultando o desenvolvimento do intelecto (cognitivo) do aluno. E sim, o bom educador deve possibilitar e gozar oportunidades ao seu aluno, dando condições a esse educando de desenvolver as suas habilidades, potencialidades e, acima de tudo as suas aptidões.

O professor precisa conhecer, entender, perceber os vários métodos de ensino aprendizagem, se esforçando de ir ao encontro dos alunos e tentando compreender o seu processo de conhecimento, na ajuda da articulação de sua experiência na ação, respeitando e valorizando o grau de individualidade dos alunos e as dificuldades apresentadas por cada um.

Cabendo a ele refletir sobre seus métodos, mas como processo. Com isso o autor ressalta a questão da reflexão na ação:

Reflexão num contexto crítico pós-moderno não é vista como um fim em si, mas como um método de desenvolvimento de julgamentos éticos e ações emancipatórias. Tais reflexões recusam a aceitar o contexto social no qual ensinar acontece como algo dado, uma condição social insensível à mudança. (KINCHELOE, 1997, p. 226)

Neste sentido, percebe-se que devemos desenvolver a nossa compreensão sobre o sistema tentando modificá-lo e, não nos moldar a ele. Infelizmente ainda, o professor não aceita outra forma de resolução de exercícios, a não ser o dele, não refletindo em suas ações a partir desse modo de atitudes. Pois o mesmo precisa saber e ouvir o seu aluno com humildade, ajudando e aprendendo com os erros.

O educador deve trabalhar em um sistema de coletividade, tentando produzir o tipo de experiência educacional, em que enfatiza a integração e inteiração do conhecimento empírico e científico, tendo busca de uma visão de uma prática interdisciplinar.

A educação escolar está registrada fundamentalmente no trabalho dos docentes e dos próprios discentes, cujo objetivo é contribuir como segmento de humanização de ambos personagens centrais da área educacional (integração de conhecimento), pelo trabalho coletivo e principalmente, interdisciplinar (valorização do conhecimento tanto no individual, como também no coletivo), tendo uma visão de trabalho pautada na prática social e buscando uma transformação reflexiva e crítica, o professor precisa saber fazer e avaliar as suas atitudes.

Os professores são ajustados principalmente por experiências, a conquistar entendimento na sua realidade e uma habilidade para detectar os resultados do ambiente para o desenvolvimento de suas consciências.

O contexto onde é aplicada a pedagogia pelos alunos-professores vem a ser o centro do programa da educação do professor pós-moderno em que os professores cooperativos podem mostrar aos alunos-professores um modelo certo de ensino. Neste contexto, são descartados os aspectos reflexivos da experiência do aprendiz de ensino, pois as inquietações técnicas, ultrapassam a consciência do envolvido em geral.

Nas formas tecnicistas do aprendiz de ensino, os professores cooperativos são escolhidos na base de sua habilidade de ensino. Os professores cooperativos mais desejáveis são mestres educadores que podem mostrar aos alunos -professores a forma correta de ensinar. (KINCHELOE, 1997, p. 230)

Deste modo, observa-se também, que é de importância para o aluno-professor deparar-se com professores cooperativos, estando estes comprometidos com o amparo da prática do professor para experimentar, para alistar-se em diferentes práticas utilizadas pelo mestre professor. Estes professores por sua vez, que orientam, sustentam e alargam as idéias dos principiantes jovens tem mais valia do que os professores cooperativos com habilidades imensas de ensinar.

Sabe-se que ser professor tem em mãos uma responsabilidade muito grande, na medida em que estamos lidando com a formação de cidadãos, formação esta, encontrada além do conteúdo programático, pois a função mais importante do professor, situa-se no fato de poder criar cidadãos críticos e reflexivos para atuarem na sociedade do futuro.

Entendemos que os professores pós-formais quando entram pela primeira vez na escola, sentem-se impedidos de porem em prática o que aprenderam com seus educadores, pelo fato de encontrar na prática uma realidade completamente diferenciada da qual aprenderam ou vivenciaram enquanto alunos. Por este motivo, que os educadores dos professores pós-formais devem fazer com que seus alunos comecem desde cedo a lidar com a realidade. Quando isso não acontece, os pré-formados sentem um impacto muito forte por não conseguirem conciliar a teoria aprendida nas universidades, com a prática que desejam implantar na escola.

A formação de professores precisa estar voltada para o sistema escola que se tem hoje, pois os professores devem sair de sua formação preenchendo as exigências que a sociedade está fazendo no campo educacional. Muitos alunos do curso de formação de professores se preocupam com essa questão, exigindo cada vez mais de seus educadores técnicas que deixem-nos capazes de enfrentar com otimismo a vaga no mercado de trabalho.

Estes futuros professores estudam o conteúdo relacionado com a organização escolar e a organização de sua própria consciência crítica. Com isto, muitos professores depois de formados preferem atuar em escolas correspondentes ao meio que se criaram, pois já possuem um conhecimento definido de uma certa realidade. Por exemplo, um pós-formado escolarizado em um ambiente urbano tem mais facilidade para atuar neste ambiente porque já conhece a realidade, sabe apontar as dificuldades que a escola apresenta, na tentativa de almejar uma melhora significante.

Com isto, observa-se que a educação do professor pós-formal está voltada para a participação de uma Pedagogia consciente em que a reflexão crítica está ancorada num exercício de auto-reflexão, buscando um aperfeiçoamento numa prática significante tanto para o professor quanto para o aluno.

Uma nova visão do professor

Na sociedade pós-moderna, esta nova visão social, as transformações estão acontecendo de forma ultra-rápida em todos os setores sociais. A presença das redes eletrônicas no processo de ensino e aprendizagem, este novo ambiente, nos faz pensar que a escola, forçosamente, está exigindo novos profissionais para a educação. O perfil vem se alterando porque a visão de mundo está mudando e os nossos professores estão, hoje, insatisfeitos, descontentes, ansiosos, pela não compreensão das novas necessidades sociais e do processo educacional. Ou seja, a sociedade mudou e a escola precisa mudar e os professores precisam saber que ser professor, hoje em dia, exige qualidades diferentes daquelas de vinte ou trinta anos atrás.

Não podemos pensar, nos dias atuais, que nossos alunos são menos inteligentes, responsáveis, mais imaturos ou menos preparados do que em outras épocas. O que temos de lembrar é que o paradigma de mundo está se alterando rapidamente e que as tecnologias têm contribuído para isto.

  Os professores deverão valorizar mais os alunos, ou seja, ênfase no aluno e não na matéria como estamos fazendo. É importante citar que isto não significa dizer que o professor abandonará seus conteúdos, pois somente aqueles professores que alcançaram um alto grau de conhecimento sobre seus conteúdos é que são capazes de se libertarem dos mesmos, para efetivamente, dar atenção devida para as reais necessidades de seus alunos.

  O professor deverá valorizar seu aluno permitindo que o mesmo avance em sua jornada do aprender, onde ele construa e reconstrua, elabore e reelabore seu conhecimento de acordo com sua habilidade e seu ritmo e, neste contexto, o uso das redes poderá ampliar e implementar o processo de ensino e aprendizagem.

Outro ponto a se considerar é a questão do professor como um transmissor de conhecimentos. A escola, na maioria das vezes, não oferece condições para o professor produzir seu conhecimento e, desta forma, ou o professor está na escola dando aula ou não está presente na instituição. Como conseqüência, do fato do professor não ter tempo para elaborar seu material, acaba surgindo uma verdadeira cultura de livros didáticos e manuais com perguntas e respostas prontas que dispensam os mestres do ato de refletir e da produção do saber.

O professor através do uso das redes eletrônicas deve equilibrar os currículos e os procedimentos metodológicos com os estilos de aprendizagem dos alunos, encontrando um elo entre o processo cognitivo e emocional, bem como observar os modos de vida dos estudantes, buscando, principalmente nos conceitos de flexibilidade e diversidade, um canal direto com o mundo. Isso nos levará a uma ênfase maior na produção do conhecimento e não apenas na transmissão. O professor, usando as redes, poderá gerar e gerenciar uma grande quantidade de informação e conhecimento, trabalhando na pesquisa e na produção de novos conhecimentos.

O eixo será deslocado da atividade oral para as atividades de interação do aluno com o meio. Não é o discurso do professor que garante autenticidade ao conhecimento. O professor privilegiará as atividades de interação em laboratórios, visitas a museus, trabalho em grupo, projetos educativos, teatros, vídeos etc.

É através da prática colaborativa-interativa que o professor poderá tomar gosto pelo pesquisar e estudar e as redes eletrônicas proporcionam essas atividades colaborativas com pares distantes, em culturas diferentes e com diferenças étnicas. Isso é importante para que aluno e professor possam criar um bom entendimento dos fenômenos e, assim, a ênfase estará sobre a interação e não sobre a fala do professor.

Por fim o enfoque do professor estará centrado em ser aberto para aprender a cada momento, e não em ser correto. Ao professor caberá a tarefa de ensinar seus alunos tomar decisões neste mundo marcado pela pluralidade de informações. O certo ou errado numa época de tantas transformações, profundas mudanças, acaba sendo uma questão de visão de mundo, porém, estar, ser aberto para aprender a cada momento da vida, saber ver, analisar, fazer perguntas, poder perceber que o conhecimento, cada vez mais, estará sujeito a transformações, será muito mais significativo neste novo contexto. O professor auxiliará o aluno na coleta da informação (das redes), na análise e na elaboração do conhecimento a partir dela e a ênfase não estará mais no certo ou errado, mas, em estar aberto para aprender.

Os professores, no uso das redes, têm à sua disposição um ambiente interativo, moderno, desafiador e inovador e podem transformar o processo ensino-aprendizagem numa aventura dinâmica.

Conclusão

Nesta perspectiva averigüei que afetividade e educação estão Intrinsecamente ligadas à aprendizagem. A afetividade influencia de maneira significativa a forma pela qual os seres humanos resolvem os conflitos de natureza moral. A organização do pensamento prepondera o sentimento, e o sentir também configura a forma de pensar. Nesse sentido, a afetividade perpassa o funcionamento psíquico, assumindo papel organizativo nas ações e reações.

É fundamental que os professores saibam que toda a criança tem o potencial de gostar de si mesma, e que aprende a ver a si mesma tal qual as pessoas importantes que a cercam a vêem, pois, ela constrói sua auto-imagem a partir das palavras, da linguagem corporal, das atitudes e dos julgamentos dos outros.

É fundamental valorizar a atividade docente como um ato de amor e competência. A formação pela vida e para a vida perpassa caminhos complexos.

Referências

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ANTUNES, Celso. Alfabetização Emocional. São Paulo: Terra, 1996.

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MORALES, Pedro. A relação professor-aluno: o que é, como se faz. Tradução de Gilmar Sant’Clair Ribeiro. São Paulo: Loyola, 1999.

______________. A Relação Professor-aluno. 3ª ed. São Paulo: Loyola, 2001.

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VYGOTSKY, Lev S. – A Formação Social da Mente – Martins Fontes- São Paulo. 5ª edição, 1994.

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WALLON, H. Psicologia e educação da infância. Lisboa, Estampa, 1975.

__________ Do pacto ao pensamento. Lisboa, Estampa, 1979.

Autor:  Angela Vujanski de Jesus


Este texto foi publicado na categoria Educação Inclusiva e Especial.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

6 respostas para “Resumo: Relação Professor/Aluno na Educação Infantil”

  1. Ao ler este artigo, vi nas referencias biográficas menção de alguns autores como Paulo Freire, Piaget, Vygostsky KINCHELONE dos quais utilizamos algumas de em estudos de Licenciatura em Química na UFMT- Universidade Federal de Mato Groso. E fiquei interessado em maior acesso do assunto.

  2. Gostaria de saber como fazer citações indiretas , usando esse artigo, já que não tem nome do autor e ano? Que foi escrito.

  3. Procurando na internet vi este texto sobre a relação professor/aluno na educação infantil e me interessei muito pois estou desenvolvendo meu TCC sobre a interação do professor/aluno para a aprendizagem. É um TCC desenvolvido? Por quem? Como contatar para saber? meu e-mail: [email protected]

  4. por favor preciso de uns resumão para concurso sobre os pensadores da educação perrenoud, pizani,imbernon, moreira, montoan, hoffmann, teberosky, groppa e lino macedo ficarei grata

Não se preocupe, seu email ficará sem sigilo.