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Atualizado em 07/06/2020

A Guerra dos 100 anos

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Conflito entre a França e a Inglaterra, causado pela pretensão do rei inglês Eduardo III (1312-1377) em disputar a sucessão do rei francês Carlos IV (1295-1328). Apesar do nome, ela dura mais tempo e vai de 1337 a 1453. Outra razão para a guerra é a posse do rico território de Flandres. Senhores da terra, os franceses querem manter esse domínio e dificultam o comércio dos produtos ingleses na região. Por seu lado, a Inglaterra deseja a união dos dois reinados para ter livre acesso à área. A disputa diminui o poder dos senhores feudais nos dois países, reforçando a autoridade real.

Causa imediata – Carlos IV morre em 1328 sem deixar herdeiro à Coroa da França e pondo fim à dinastia dos Capetos. Os nobres franceses escolhem Felipe VI de Valois (1293-1350), sobrinho de Felipe IV, o Belo (1268-1314), para sucedê-lo. Neto de Felipe, o Belo por parte de mãe, o rei Eduardo III da Inglaterra declara-se soberano da França e invade o país em 1337, reivindicando o trono.

A superioridade do Exército inglês impõe sucessivas derrotas às forças inimigas. Apoiado por uma aliança com as cidades flamengas, Eduardo III ocupa Calais, no norte da França , a partir de 1347. A peste negra leva os combatentes a uma trégua. A epidemia e o esforço de guerra geram uma crise econômica que provoca revolta na população francesa. Milhares de camponeses atacam castelos e propriedades feudais. Enquanto seus adversários lutam entre si, os ingleses avançam sem grandes dificuldades. Felipe de Valois morre e é sucedido pelo filho João II, o Bom (1319-1364). Em 1356, é capturado por Eduardo, o Príncipe Negro de Gales (1330-1376), e levado para Londres. Em 1360, depois de assinar a Paz de Brétigny e o Tratado de Calais, volta à França deixando dois filhos como reféns em seu lugar. A Inglaterra renuncia à Coroa em troca da soberania sobre os territórios conquistados.

Reação francesa – Com a ascensão de Carlos V (1338-1380) ao trono francês, em 1364, o país reage: reconquista quase todos os territórios e derrota os ingleses, que são forçados a recuar mantendo apenas Calais e as regiões de Bordeaux e Bayonne, no oeste da França. No reinado de Carlos VI, o Bem Amado (1368-1422), o rei da Borgonha, Felipe III, o Bom (1396-1467), alia-se aos ingleses. Juntos, em 1420 eles impõem aos franceses o Tratado de Troyes. Por ele, a filha de Carlos VI, Catarina, casa-se com Henrique V da Inglaterra (1387-1422), assegurando o trono francês ao filho do casal.

Em 1422, com a morte do avô materno, Henrique VI (1421-1471) é aclamado rei da França. Essa solução é contestada por seu tio Carlos (1403-1461), filho do antigo soberano, e divide o país. No mesmo ano, Carlos VII é reconhecido como herdeiro legítimo pelo sul do país. Recebe ajuda da camponesa Joana D’Arc (1412-1431), que derrota os ingleses à frente de um pequeno Exército. Com isso, ela reacende o nacionalismo francês e leva Carlos VII à Catedral de Reims, onde é coroado em 1429. Ao longo de uma guerra de 20 anos, ele reconquista Paris (1437), Normandia (1449), Formigny (1450) e Bordeaux (1453). A Inglaterra fica apenas com Calais. A perda da totalidade de suas possessões na França leva os derrotados a contestarem os direitos de Henrique VI à Coroa inglesa. Em função disso, estoura na Inglaterra a Guerra das Duas Rosas.

Joana D’Arc

O período final da Guerra dos Cem Anos é uma transição das antigas tradições da cavalaria para o tipo de confronto onde a artilharia (com intensificação do uso da pólvora e dos canhões) passa a ser o elemento decisivo. A cavalaria, aos poucos, vai sendo substituída pelo exército nacional, nascido do sentimento de nacionalidade decorrente da guerra dos cem anos.

É neste contexto que se situa Jona d’Arc. Uma época violenta, conturbada e decisiva, na qual a mulher ocupava um papel restrito. Quais os motivos então que levam uma camponesa a tomar as frentes de batalha? O papel conferido as mulheres realmente as excluía das ações militares ou Joana d’Arc foi um caso ímpar?

O estudo desta espécie de interpretação do miraculoso na história, onde o papel de uma só pessoa é decisivo é a que o presente estudo se propõe. Analisar a figura de Joana d’Arc sob os aspectos historiográficos e míticos, estabelecendo, entre outros, qual foi o papel das mulheres no conflito.

Joana d’Arc viveu em um tempo marcado pela violência, a qual era promovida pela disputa da coroa francesa pela Inglaterra, conflito este, celebremente conhecido como a Guerra dos Cem Anos. A maior parte do território francês estava sob o domínio do Duque de Borgonha, aliado inglês,enquanto o resto do país era aliado do Delfim Carlos, herdeiro do trono francês. Porém, ainda não havia sido coroado, fato que se dá quatro meses após o aparecimento de Joana d’Arc na corte de Bourges.

Desde criança, Joana d’Arc vai perceber os efeitos devastadores desta guerra, pois, morava em Domrémy e sua casa ficava diante de uma antiga estrada romana a qual atravessava o rio Mosa e, por onde passavam , as tropas e os peregrinos os quais narravam as atrocidades e, lamentavam por a França não ser uma nação unida, o que facilitava a ação inglesa.

Segundo os relatos constantes no processo de inquisição de Joana d’Arc, ela afirma ter nascido ano de 1412 na aldeia lorenense de Domrémy e que, em 1424, quando contava então com doze anos de idade, viu pela primeira vez a figura do Arcanjo São Miguel, padroeiro do Delfim, o qual acompanhado de outros arcanjos, anunciou que viriam a ela Santa Catarina e Santa Margarida, as quais lhe dariam instruções sobre o que ela deveria fazer.

Joana afirma em seu depoimento, que nos quatro anos subsequentes, as santas lhe apareceram e que em 1428 ordenaram que ela fosse até Vaucouleurs, lugar distante dezesseis quilômetros de sua aldeia, e que uma vez lá, procurasse um senhor de nome Baudricourt, o qual lhe forneceu um cavalo e uma guarda militar com os quais seguiu até Chinon, lugar onde se encontrava o Delfim, e que, sob a voz “Avança sem temor”, ela seguiu para Vaucoleurs deixando para trás sua aldeia natal de Domrémy.

Aspectos militares

Joana d’Arc e a prática da guerra.

Intervenção do miraculoso na história. Um fenômeno que escapa ao costumeiro, ao facilmente explicável, sobretudo ao considerarmos os resultados da guerra dos cem anos, embora esta tivesse tido um desfecho similar ao que teve sem a presença de Joana vital para a sagração de Carlos VII.

A personagem e a comandante.

Histórico: Dados fornecidos por ela no processo de condenação. Nasceu em Donremy e morreu antes de completar vinte anos. Presença de espírito e bom senso. Estado de graça: “Se eu estiver que Deus nele me conserve. Se não que nele me queira pôr”.

Comandante: Mostra-se como um membro do alto comando que procura persuadir seus companheiros e subordinados do acerto de soluções que propõe. Insistência em atuar na vanguarda dos ataques e cobrir retiradas. Linha de conduta própria de capitães que desejam preservar sua ascendência junto a seus soldados.

Plano militar e político indissociáveis.

Quando aceita pela casa de Bourges foi provida com uma casa particular e escudeiro, dois pagens, um confessor e capelão mais dois arautos. Nobilitação por Carlos VII extensivo a seus pais e irmãos.

Profecias femininas não se chocavam com a doutrina cristã, era familiar aos coevos.

Ostracismo militar após a sagração de Carlos VII em Reims. Joana foi relegada à operações militares irrelevantes e também a insuficientes. Porém sua influência foi considerável no campo da prática da guerra.

O cerco de Orleans

Aumento do cerco: Intensificação da penúria. Joana fura o bloqueio com víveres, reforço de armas e homens ( mudanças naturais que facilitaram a aproximação dos barcos: alteração na direção dos ventos e cheia do Loire ). O cerco inglês não consistia em um bloqueio total, restringia-se ao controle das bastilhas situadas na parte externa das pontes que conduziam as diferentes portas da cidade e situadas sobre o fosso de proteção que rodeava a cidade que era formado com as águas do próprio rio. Os ingleses supostamente em número de 4300, dispersaram-se em vários pontos o que consistiu em um fator favorável aos franceses em caso de investida. O ataque a primeira posição inglesa, a bastilha de Saint-Jean-le-Blanc caminhava para o fracasso, porém os ingleses resolveram perseguir a retirada francesa que, em um contra-ataque venceram os ingleses e tomaram a posição ( a retaguarda: Joana e sir de La Hire tornou-se vanguarda ), podemos dizer que se os ingleses não cometessem tal erro, os franceses não tomariam a bastilha, todavia se o comando francês não contra-atacasse os ingleses concentrariam suas forças na bastilha de La Tourelle. O duque de Dunois só não suspendeu a investida por insistência de Joana, o comandante inglês Lord Talbot colocou suas forças em posição de combate e quando percebeu que os franceses não recuariam retirou suas tropas. Os ingleses perceberam uma transformação qualitativa na eficiência do desempenho francês. Dunois e o duque de Aleçon realçam as habilidades de Joana em dispor as tropas no terreno de luta e com as peças de artilharia.

12/02/1429 : Jornada dos Arenques

29/04/1429 : Joana fura o bloqueio

05/05/1429 : Joana envia carta de desafio

06/05/1429 : Joana ataca a bastilha de Saint-jean-le-Blan

Batalha de Patay

Os franceses comandados pelo duque de Aleçon, Sire Boussac, Sire Richemont, Sire de La Hire e Joana d’Arc mobilizaram-se em uma operação de limpeza do Loira sendo que esta atividade transformou-se em uma perseguição pródiga em vários incidentes.

A notícia de que as tropas do comandante inglês Talbot receberam reforços comandados por Sir John Fastolf ( vencedor da jornada dos Arenques ), provocou reações adversas de hesitação nos chefes franceses.

Joana opta pelo choque direto e organiza-se uma vanguarda sob o comando de La Hire composta de, 1500 homens à cavalo para tentar alcançar a força inimiga em retirada para fustigá-la e obrigá-la a formações de combate, entretendo-a até a chegada do grosso das tropas. O péssimo relacionamento de Talbolt e Faustolf prejudicou a estratégia inglesa sendo que na retirada Faustolf comandou a vanguarda levando consigo a maior parte dos efetivos enquanto Talbolt supervisionou a retaguarda com um grupo menor o qual chocou-se com a vanguarda de La Hire,. Neste momento as forças inglesas embrenham-se em um bosque nas proximidades de Patay. O terreno era uma descida e os arbustos impediram que os ingleses se dividissem e, com o surgimento de um cervo entre as duas tropas os ingleses tem sua posição revelada. Os franceses então atacam sem dar tempo aos ingleses de se organizarem quanto mais de alinharem seus arqueiros. La Hire soube aproveitar as condições favoráveis de luta atacando bruscamente. Os ingleses na impossibilidade de combaterem iniciaram um movimento de fuga o qual resultou na punição imediata e na desgraça de Fastolf.

Essa retirada inglesa foi desastrosa pois mesmo os que conseguiram cavalos para a fuga não tiveram proteção em Patay e Janville, cidades que não refugiaram os ingleses com medo de represálias francesas; estes, massacraram os ingleses poupando apenas os mais abonados pois poderiam valer resgate, dentre os prisioneiro estava Talbolt o qual responsabilizou Faustolf pela precipitada retirada. Com um saldo de 2000 mortos e 200 prisioneiros este foi o único combate de envergadura durante o período de atividade militar de Joana d’Arc. La Hire atacou sem dar oportunidade de organização ao inimigo sendo este combate destituído de implicações táticas escapando a categoria de batalha campal.

A campanha da sagração

A vitória em Patay animou o Delfim. Cresceram as adesões à Carlos VII embora não tenha havido grande coesão nas três áreas de influência em que se dividia o reino: inglesa a noroeste, borgonhesa à nordeste e “armagnac” ou Valois ao sul, sendo que a própria Joana era originária de um enclave pró-Valois em meio a área de influência de Felipe o Bom, ou seja, para chegar a Reims era necessário aproximar-se da zona de controle inglês. Empreendida em vinte e nove de junho e em dezesseis de julho Carlos VII recebia os óleos santos, apenas quatro meses após a aparição de Joana na corte de Bourges.

Foi uma marcha místico-patriótica pois qualquer princípio de resistência de alguma cidade sitiada era abafada quando da ameaça de ação da donzela. Após sua sagração, Carlos VII começa a aniquilar os impulsos de exaltação e a repelir as ações militares, as quais eram empreendidas à sua revelia sendo quer os revezes começaram a surgir nas iniciativas de Joana, abandonada à própria sorte por seu soberano.

Repercussões políticas

Militarmente o impacto de sua atuação acelerou o processo de esfacelamento das convenções bélicas que até então eram a essência da arte da guerra. Joana d’Arc visava a eficiência utilizando os recursos disponíveis e arremetidas violentas não possibilitando ao adversário organizar-se, uma tática mais eficaz que a coragem ostentada pela cavalaria francesa, tática que instaurou pânico entre os ingleses. A atuação de Joana foi um marco significativo pois mudou a mentalidade nos meios militares franceses, aniquilando muitos dos valores da cavalaria.

Paradoxalmente também deu um novo alento à elite guerreira, impelindo seus membros à aderirem em massa o que deu um caráter triunfal a campanha da sagração.

Os cavaleiros passaram a lutar de forma diversa da que lhe era característica e é provável que muitos entusiástas, partidários das forças nobres de combate, tenham se desencorajado ao ver uma mulher (não nobre) conseguindo o que parecia além de suas possibilidades; o que pode (além dos motivos políticos) explicar o boicote por ela sofrido na corte real.

A influência moral de Joana d’Arc foi decisiva para o rumo dos acontecimentos e para que o desenvolvimento do sentimento caracterizando o lado de Carlos VII como o lado francês e não mais como a facção “armagnac” do conflito.

O desenvolvimento de um tipo de luta “partisan” nas regiões ocupadas pelos ingleses, deve-se a adesão de elementos da nobreza os quais atuavam como orientadores militares, porém nessas regiões tornava-se difícil distinguir partisans e brigands ( os primeiros revoltosos, os segundos assaltantes ), sendo os primeiros degolados e os últimos enforcados. Estatísticas mostram que 2/3 dos condenados eram degolados o que revelava a intensidade da resistência de então.

Essa ação patriótica teve conseqüências trágicas para a população não combatente imersa em uma crise resultante da falta de autoridade e, à fase de sucesso bélico, no período de Joana d’Arc, segue-se uma fase pobre de operações bélicas e marcadas pelas negociações de paz ( 1430-l440 ) que se define pela adesão de Felipe o Bom e o envolvimento do mesmo no assassinato de seu pai.

O Fim da Guerra dos Cem Anos

A paz entre Carlos VII e Felipe o Bom pode ser atribuída ao prevalecimento, a logo prazo, da linha de conduta política defendida por Joana d’Arc baseada na idéia de que um acordo entre os primos somente seria obtido na ponta da lança. O retorno de Richemont, à partir de 1433, às graças do soberano significava, com efeito, a implementação crescente dos tratados diplomáticos de pressão militar e, dois anos depois, em 21 de setembro de 1435, o” tratado de Arras” consagrava a nova aliança. Este ato fora precedido por exatamente, uma semana pela morte do duque de Bedford, a quem não escapava a ruína da causa que dedicara o melhor de seus esforços, pois já então seus enviados tinham se retirado das negociações por não serem aceitáveis para os ingleses os termos oferecidos pelo monarca francês para a paz entre os dois reinos.

Captura em Compiègne

Mesmo após a coroação de Carlos VII, as batalhas pela unificação continuam. Joana à frente das forças reais, tomava uma cidade após a outra. Porém, quando do ataque a um forte em paris, Joana é ferida na coxa pôr uma flecha. Em Compiègne Joana é capturada, feita prisioneira e encarcerada em um castelo borgonhês enquanto, as negociações para entregá-la aos ingleses estavam sendo feitas. Sem que Carlos VII tomasse alguma medida para que não se sucedesse o contrário.

Bibliografia

  • Almanaque Abril – Abril Multimídia – 1996
  • Compton(s Interactive Encyclopedia – Compton(s NewMedia, Inc – 1996
  • Enciclopédia Digital Master – GLLG International – 1997
  • Grande Enciclopédia Larrousse Cultural – Nova Cultural Limitada 1998
  • Nova Enciclopédia Ilustrada Folha – Folha de São Paulo – 1996
  • Webster’s Concise Encyclopedia – Attica Cybernetics Ltd – 1994

Autor: Marcelo Silva

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