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Atualizado em 02/08/2023

Cultura Popular e Folclore

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Neste artigo iramos falar sobre cultura popular e folclore, suas semelhanças e diferenças, e vamos entrar em alguns detalhes sobre as características de cada um deles.

O que é Folclore?

Existem correntes de pensamento que acham que folclore é tudo aquilo que o homem do povo faz e reproduz como tradição. Para outras, é só uma pequena parte das tradições populares. Para uns, o domínio do que é folclore é tão grande quanto o do que é cultura. Para outros, folclore é a mesma coisa que cultura popular. De fato para algumas pessoas as duas palavras são sinônimas.

O famoso folclorista Luís da Câmara Cascudo define folclore como “a cultura do popular tomada normativa pela tradição”.

Para outros pesquisadores do assunto há importantes diferenças entre folclore e cultura popular. A maioria das pessoas acredita que os dois nomes são a mesma coisa, sendo o folclore o nome mais conservador daquilo de que cultura popular é o mais progressista. As pessoas do povo, ou seja, os criadores do popular e o do seu folclore não utilizam a primeira palavra e não conhecem a segunda.

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Antes da proposição do nome “folklore”, havia muitos especialistas estudando os costumes e tradições populares. Mais tarde, a esse estudo se deu o nome de folclore, que é a fusão de dois outros termos: folk e lore. Eles têm origem anglo-saxônica e juntos significam o saber tradicional do povo. A palavra “Folklore” não foi aceita logo de saída, e quase que vira folclore. Três décadas depois desta preposição, foi fundada a Sociedade do Folclore, em Londres. Posteriormente, alguns estudiosos do assunto sugeriram que folclore, com letra minúscula, significasse modos de saber do povo, enquanto Folclore, com letra maiúscula, o saber erudito que estudava aquele saber popular. Esse grupo considerava como seu objeto de estudos:

  • As narrativas tradicionais: como os contos populares, os mitos, lendas e estórias.
  • Costumes tradicionais: preservados e transmitidos oralmente de uma geração à outra, os códigos sociais de conduta, a celebrações cerimoniais populares.
  • Os sistemas populares de crenças e superstições: ligados à vida e ao trabalho.
  • Os sistemas e formas de linguagem: seus dialetos, ditos e frases feitas.

Entre o final do século XIX e o começo do passado, muitas formas de definir o folclore como “equipamento mental” de um povo tornaram-se habituais. Paul Sebillot o via como “uma espécie de enciclopédia das tradições crenças e costumes das classes populares ou das nações pouco avançadas”. Já o antropólogo alemão Franz Boas, diz que folclore é “um aspecto da etnologia que estuda a literatura tradicional dos povos de qualquer cultura”.

Essa compreensão do termo em questão também estabelece dois pontos: um que estende o folclore à cultura primitiva, e o outro que considera o folclore como uma disciplina diferenciada de uma ciência, a Antropologia, e não como uma ciência autônoma. Já Arthur Ramos determina esse conceito como “uma divisão da Antropologia cultural que estuda os aspectos da cultura de qualquer povo que dizem respeito à literatura tradicional”.Aos poucos, a idéia de folclore como apenas a tradição popular estendeu-se a outras dimensões mais atuais.

O folclore vive a coletivação anônima do que se cria, conhece e reproduz, ainda que, durante algum tempo, os autores possam ser conhecidos. Isto se dá com o herói, o mito, e com o rito até com a própria vida cotidiana.

De um ponto de vista rigoroso, são propriamente folclóricas toadas, cantos, lendas, mitos, sabores, tecnologias que, durante a sua reprodução através de cada indivíduo, de geração a geração foram incorporadas ao modo de vida e ao repertório coletivo da cultura de uma fração específica do povo.

Luís da Câmara Cascudo
Luís da Câmara Cascudo

Cultura popular é um conceito originado da junção do termo francês civilization, que remete ao material, e do termo alemão kultur, que remete ao imaterial, ao subjetivo. Por sua vez, popular é algo do povo. Desta forma, cultura popular diz respeito ao material e ao subjetivo do povo.

Porém, até na atualidade, ela ainda não foi muito bem definida, nem mesmo pela antropologia social que dedica grande atenção ao estudo da cultura. Seu significado e aquilo sobre o qual ele diz respeito ainda são fontes de discordância, não caracterizam um consenso. Os pontos de vista sobre esse tema variam desde aquele em que fica claro, implícita ou explicitamente, que cultura popular não é absolutamente uma forma de saber, baseada na máxima “o povo não tem cultura” como base de idealização romântica das tradições. Essa primeira concepção se relaciona com o contexto das sociedades capitalistas onde o trabalho intelectual diretamente relacionada com as elites assume o papel de destaque e superioridade em relação ao trabalho manual que diz respeito a uma maioria, chamada povo.

É a paradoxal oposição saber x fazer que além de possuir demonstrações práticas, como a diferença de salários e desprestígio entre, por exemplo, um arquiteto e um mestre-de-obras, se estende a questões ideológicas mais profundas; o fazer popular como sendo desprovido de saber, o povo não tendo cultura. As teorias a respeito de cultura popular têm a tendência de suprimir toda sua heterogeneidade, colocando-as num mesmo bloco de “coisas” consideradas simplórias, rudimentares, deselegantes e anacrônicas.

Um outro ponto de vista muito comum entre pesquisadores, sobretudo folcloristas, é a questão da cultura popular constituindo apenas o lugar social onde as tradições são preservadas. Afirmar cultura popular como sinônimo de tradições é encará-lo como uma outra cultura, cujo apogeu se deu no passado, e hoje em dia tentamos reproduzir. Nesse processo, no entanto, acabamos por agregar novos significados e conotações a essa cultura tirando-lhe a originalidade e desenvolvendo apenas a visão dela temos.

Faz-se necessário diante dessas insustentações nos questionarmos sobre o sentido mais profundo dessa expressão e se sua aplicação se tornará convincente. Em sociedades complexas e diferenciadas alguns valores e concepções do interesse das classes, são oficiais e até por mecanismos sociais bastante sólidos, como por exemplo, a família, como se fossem se tornar o modo de agir e de pensar de todos. É uma tentativa de homogeneizar aquilo que é diferenciado, uma ilusão de unidade. No entanto essa sociedade de classes possui por si só uma heterogeneidade que já faz resistir a esse processo.

É possível a demonstração da existência de interpretações diferentes daqueles que tentam se impor. Seria como se a sociedade transformasse essa unidade ilusória e recuperasse o múltiplo, o diverso. As peculiaridades das culturas populares podem ser inseridas nesse contexto como um conjunto de criações que emanam de uma comunidade cultural, expressas por um grupo ou por indivíduos que respondem reconhecidamente às expectativas da comunidade enquanto expressão de sua identidade cultural e social. Incluem-se nesse processo as normas e os valores, como a língua, a literatura, a música, a dança, os jogos e brincadeiras, os ritos, os costumes, o artesanato a arquitetura e outras artes.

A Cultura popular e a Cultura de Massa

Atualmente, a cultura  de massa é utilizada de forma generalizada, englobando toda e qualquer manifestação de atividades ditas populares. Acaba que tudo pode ser inserido no cômodo e amplo conceito de cultura de massa. Porém, quando é questionada a real abrangência do termo em questão, os que o usam indiscriminadamente se vêem em situação difícil.

Pensar o povo como massa é subestimar o primeiro, uma vez que massa é uma soma de indivíduos, é inerte e instável. Ela é sempre passiva, sendo manipulada por influências instáveis da maioria, das modas e dos caprichos passageiros. Já o povo é movido por princípios individuais.

Temendo ser diferente do conjunto, os indivíduos que compõem a massa jamais discordam da maioria. Se alguém perguntar a uma pessoa se ela já viu determinado programa da moda, provavelmente ela irá assisti-lo, mesmo que não seja do seu gosto, para sentir-se parte do todo, será “como todo mundo”. Assim sendo, a inserção nesse aglomerado de indivíduos impõe um padrão, todos se vestem da mesma forma, gostam da mesma coisa, agradando sempre ao outro. Então, há uma renuncia da individualidade.

Desta forma, cultura popular jamais pode ser confundida com cultura de massa, tendo em vista que essa, na verdade não existe. Isto se dá pelo fato de que a massa, por ser apática, jamais opina, não é consciente. E a cultura, para realmente existir, precisa da intervenção individual.

A cultura popular é algo totalmente diverso. Ela tem movimento próprio, movendo-se de acordo com os seus princípios. Cabe ao povo formar a sua cultura peculiar, responsável por o diferenciar dos demais.

Já a falsa cultura de massa é simplesmente a manipulação dada pelos meios de comunicação. Não é por outro motivo que Britney Spears e o Mc Donald’s são apreciados e consumidos por pessoas de diversos países.

Também não é por outra razão que a cultura popular e o folclore de cada povo vem sendo engolidos pelo desejo da maioria, pela massificação mundial. Sem se preocuparem com as diversidades culturais, todos recebem a mesma falsa e estereotipada “cultura”.

Diferenças entre Cultura Popular e Folclore

As diferenças visíveis entre folclore e cultura popular não são no âmbito lingüístico ou conceitual, mas sim social. O primeiro é visto como algo maior, um elo entre as pessoas de uma mesma nação, uma interseção entre ricos e pobres. Porém ele é duplo, ao mesmo tempo em que ele é nacional é também particular de cada região.

Por isso, às vezes, pessoas do Rio de Janeiro não conhecem uma música folclórica de Minas Gerais, apesar de serem estados vizinhos. Isto se dá uma vez que na há apenas um folclore brasileiro, mas sim uma soma de conjuntos folclóricos regionais. Os americanos se reconhecem como tais e não como tailandeses (e vice-versa) através desta soma.

Contudo nova-iorquinos e texanos, apesar de ambos serem do mesmo país, também se diferenciam entre si devido ao folclore de cada estado/cidade. Desta forma ele é comum às pessoas de um determinado local, embora também faça parte de um conjunto maior, o patrimônio nacional.

Em contrapartida, a cultura popular é encarada com preconceito, como sendo apenas pertencente ao plebeu. Todavia, ela é mais abrangente do que o folclore, uma vez que é compartilhada por pessoas de todo país, e em alguns casos até em todo mundo. O material cultural do povo típico de um país é internacionalizado com o seu uso, tornando-se patrimônio mundial. Desta forma, ele não afirma uma identidade nacional. Não é porque um italiano usa catuaba para impotência que ele vai se tornar um índio brasileiro. Mas italiano sabe que essa receita é característica do Brasil.

Esta diferença entre os dois conceitos em questão fica muito claro quando se pensa em governos populistas. Para controlarem um país, estas figuras autoritárias usam a cultura popular e não o folclore, já que não é conhecido por todos.

Uma outra diferença é a propriedade intelectual. O folclore possuí elementos com autores conhecidos e reconhecidos, porém a maioria destes são incorporados pelas pessoas sem haver qualquer preocupação de se saber de quem é a autoria. A cultura popular, por sua vez, quando pensamos no termo popular por atingir a todos através de produtos de massa, fica-se muito bem definido de quem é determinado produto. Todo mundo sabe quem é Tom Jobim, mas são poucos os que sabem quem compôs a letra de “Cai, cai balão”.

A ampliação do domínio do folclore e da cultura popular se dá de formas distintas. Aquela história de “quem conta um conto aumenta um ponto” é análoga e pertinente ao caso do primeiro. Uma festa que nasceu no interior de Minas fica diferente a cada nova cidade e estado onde ela passa também a ser festejada. Há uma adaptação de acordo com cada região. É tanto que para fazer um simples bolo de fubá há várias receitas diferentes.

Já a cultura popular não. Dá azar passar por debaixo da escada e ponto final, as únicas duas opções são acreditar nisso ou não. Não há pessoas no Sul do Brasil que acreditem que só dá azar se a escada for verde ou no Norte que é sinal de má sorte apenas se passar rolando por debaixo dela.

Uma última questão a ser levantada é que ambos os termos em estudo são produtos da História, porém a influência dela em cada um é diferente. O folclore, assim como na ampliação de seu domínio, sofre mudanças estruturais de acordo com o contexto histórico. A Folia de Santos Reis foi alterada devido ao processo de urbanização que acarretou no êxodo rural. Desta forma, como a festa era inicialmente uma peculariedade de cidades interioranas, ela foi juntamente com os trabalhadores para as grandes cidades. Como os centros urbanos são diferentes das condições rurais, muitas alterações foram introduzidas neste rito.

Por sua vez, a cultura popular é encaixada a um contexto histórico, uma vez que há um certo tipo de produção em cada época, sendo assim, datável. O que foi produzido nos anos 60, 70, em meio a Ditadura Militar, só é o que foi devido ao momento. Não há nada antecessor o sucessor que se pareça com a Tropicália. Desta forma não há transformação da cultura popular, mas um surgimento de novos elementos a serem somados.

Tendo em vista tudo o que foi discutido anteriormente, não há como se pensar em folclore e cultura popular como sinônimos. Embora não tenham o mesmo significado, no fim, estes representam uma única coisa: a criatividade humana.

Semelhanças entre folclore e cultura popular

A semelhança entre folclore e cultura popular é tamanha que muitos acreditam que é melhor chamar o folclore de cultura popular. Tanto que no meio dos festejos somente um ato de cirurgia teórica poderia separar de um todo significativo para os seus praticantes e consumidores populares o que é erudito, popular ou folclórico, a festa é o conjunto de tudo.

Porém, como já vimos anteriormente há algumas diferenças notáveis, mas as congruências realmente são muitas já que ambos procuram ler a memória de um povo nos pequenos sinais da vida cotidiana, como costumes, objetos símbolos populares, enfim, os ritos ocultos presentes no cotidiano que ninguém sabe ao certo da autoria, mas que são repetidos de pessoa para pessoa, transmitidos de geração em geração, de forma codificada, mas não escrita, oralmente, por imitação direta e sem a organização de situações formais e eruditas de ensino e aprendizagem.Ambos fluem através das relações interpessoais.

Outro importante ponto em comum é a valorização da tradição, tanto que esta palavra é mencionada incontáveis vezes nas definições tanto de um quanto de outro. Luis de Câmara Cascudo mistura as duas noções e define o folclore como a cultura popular tornada normativa através da tradição, tradição esta que é estendida por alguns teóricos até a cultura primitiva.Pode se afirmar que a cultura popular também é formada por resíduos da cultura culta de épocas, às vezes até de lugares, como é o caso de países que sofreram a influência da imigração, filtrada através do tempo pela estratificação social.

Contudo cultura popular e folclore não devem ficar somente na valorização do passado, a cultura popular mesmo composta por esses elementos residuais e fragmentários resiste a um processo de deterioração contrastando assim ao saber culto dominante, sendo assim um tipo de ação sobre a realidade social já que eventos culturais articulam-se no espaço das relações entre grupos e segmentos sociais, são produtos significantes da atividade social de homens determinados, cujas condições históricas de produção, reprodução e transformação devem ser desvendadas.

Já é justamente na tradicionalidade que o folclore oferece forte resistência política às inovações impostas pelo colonizador ou pelas classes dominantes sendo ele dessa forma politicamente ativo apesar de considerado antiquado e conservador para as classes eruditas, mas é vivo e atual para as casses produtoras de sua própria cultura. As grandes festas religiosas reproduzem simbolicamente a desigualdade social da vida cotidiana, assim, consagram e legitimam com os símbolos coletivos do sagrado a diferença desigual, os rituais que misturam sujeitos e grupos de diferentes classes sociais acabam sendo situações de simbolização da própria ordem desigual, expressam relações solidárias e traduzem formas populares de resistência a um domínio político simbólico de outras classes, é o poder dos fracos.

O fato folclórico deve ser compreendido dentro do espaço de cultura de que é parte, na vivencia pessoal, no interior das matrizes sociais da vida coletiva assim como eventos culturais devem ser definidos a partir de critérios internos as situações observadas. É possível descrever fatos isolados do folclore sem enxergar o homem social que cria o folclore que se descreve, mas é muito difícil compreende o sentido humano do folclore sem explicá-lo através do homem que o produz e de sua condição de vida, pois por si só o folclore não existe, ele é parte popular em um mundo onde povo é sujeito subalterno.

Cultura é um processo dinâmico, pois ocorrem transformações positivas, muitas vezes de forma não intencionada e não se consegue evitar a mudança de significados que ocorre no momento em que se altera o contexto em que os eventos culturais são produzidos. O mesmo acontece com o folclore já que para muitos teóricos o que vemos como folclórico não existe em estado puro e sim é uma situação de cultura, um instante fugaz na vida de sociedades através da cultura.Fatos folclóricos são falas, linguagem, não são objetos que são congelados nos museus e sentem-se condenados a morte, são coisas vivas, modos de sentir, pensar, viver e festejar, por este motivo sofrem influências e por sua vez também influenciam, podendo até tornarem se erudito. Para serem compreendidos devem ser procurados através de sua vida na cultura e sua articulação com outras formas vivas dessas culturas, que são o produto coletivo de pessoas que criam, dançam e cantam.

Mais do que tudo, tanto o folclore quanto a cultura popular procuram expressar e reafirmar a identidade da nação. Quer seja como um todo, quer seja identificada por regionalismos ambos colaboram para a manutenção da unidade do país, do sentimento de identidade que poderia ter sido destruído. Eles imaginam uma sociedade onde, destruídas as diferenças entre os homens, a oposição entre a cultura erudita e a cultura popular dê lugar a uma cultura humana, alguma coisa que como modo de sentir, pensar e agir de todos, expresse finalmente a descoberta de um mundo solidário. Como sita Antonio Augusto Arantes: “Fazer arte é construir com cacos e fragmentos de um espelho onde transparece o que há de mais abstrato num grupo humano: sua organização”.

Exemplos de cultura popular e folclore

A cultura popular e o folclore são questões que já foram discutidas, mas para melhor exemplifica-las é preciso voltar às suas definições. Além de serem interdependentes, elas são dotadas de continuidade, ou seja, o que surge como cultura popular do seio de um segmento da sociedade, pode ser transformado em folclore através da tradição, migrar para outro segmento social, receber deste novas características e se transformar novamente em um manifestação de cultura popular. Para exemplificar estes termos e principalmente essa transição, iremos citar alguns grupos de expressão popular de cultura existentes no Brasil.

Folguedos

Giro de Folguedos
Giro de Folguedos

Manifestações folclóricas que reúne as seguintes características:

  • Letra: quadras, sextilhas ou outros tipos de versos;
  • Música: melodia e ritmo sustentados por instrumentos musicais;
  • Coreografia: movimentação dos participantes;
  • Temática: enredo da representação teatral.

1 – Folguedos Natalinos (Reisado, Folia de Reis, Boi de reis ou Reis)

Surgidos na Europa, é a denominação dada aos grupos que dançam e cantam na véspera e dia de Reis para homenagear os três reis magos em sua visita ao menino Deus. Os “reis” seguem espontaneamente ou em grupos, vestidos em indumentárias, que se caracterizam em calça ou saiote, com guarda-peito (uma espécie de colete com vidrilhos, lantejoulas, espelhinhos e fitas coloridas). Eles visitam pessoas conhecidas, podendo ser apenas cantoria e dança, ou pode possuir um enredo ou série de pequenos atos encadeados versos alusivos à data e solicitando alimentos e dinheiro. Essa tradição chegou ao Brasil através dos colonizadores portugueses e até hoje se mantém preservada em algumas regiões do país.

2 – Bumba-meu-boi

Bumba meu boi
Bumba meu boi

No Brasil, este folguedo teve origem no ciclo econômico do gado, sendo produto da tríplice miscigenação, com influências do escravo (negro), do índio e do português (branco). O enredo deste folguedo apresenta uma série de variantes. Uma delas é narrada como fato acontecido: Caterina ou Catirina, mulher do escravo Pai Francisco, solicita que lhe tragam uma língua de boi, para satisfazer seu desejo de grávida.

Pai Francisco, para atender os anseios de sua mulher, rouba um boi de seu patrão, e assim que inicia a matança, é descoberto. Sendo aquele o boi predileto do patrão, toda a fazenda se mobiliza para ressuscitar o animal.

Entram em cena, Pai Francisco, Pajés e Caboclos de pena, que coreograficamente se movimentam no ritmo dos instrumentos musicais, encerram a primeira parte da representação. Entre os vários grupos de bois do Maranhão três se destacam pelo estilo que apresentam:

  • Boi-de-matraca: Distingue-se pela matracas (instrumentos de madeira, com uma ou mais tábuas, que se deslocam, percutindo a própria prancha onde estão presas). Apresenta também como instrumentos pandeiros, maracás e os de percussão.
  • Boi-de-orquestra: É composta por uma “orquestra” em que se destacam os instrumentos de corda, sopro (clarinetas e flautas), bombo, tambor – onça e maracás.
  • Boi-de-zabumba: com tambores de zabumba, maracás e pandeirinhos.

Os três grupos citados acima são reconhecidos como estilos, e também são reconhecidos a distância por seu ritmo e melodia. Há muitos grupos de estilo reconhecidos em São Luís do Maranhão com suas características particulares.

Esse fenômeno folclórico típico do Maranhão tem diferentes denominações espalhando-se por várias partes do Brasil, sendo conhecido em cada lugar de uma maneira:

  • Amazonas: Boi-bumbá
  • Maranhão, Piauí, Ceará: Boi-de-Reis;
  • Rio Grande do Norte: Boi-calemba, Rei-de-boi;
  • Rio de Janeiro e São Paulo: Boizinho;
  • Paraíba e Pernambuco: Bumba, Cavalo-Marinho;
  • Espírito Santo: Bumba-de-Reis;
  • Rio de Janeiro: Folguedo-do-boi, Reis-de-Bois;
  • Alagoas: Três Pedaços;
  • Ceará: Reisado Cearense, Surubi.

No amazonas destacam-se os grupos: Caprichoso (azul) e Garantido (vermelho) que disputam no Bumbódromo quem faz a melhor representação do folclore.

3 – Guerreiro

Auto popular do estado de Alagoas. Tem como personagens: Rei, Rainha dos Guerreiros, Rainha da Nação . Mestre e Contra-mestre, Primeiro e Segundo Embaixadores, o Índio Peri, a Lira, General, Sereia, dois palhaços, dois Mateus, damas, guerreiros: no total de 45 participantes. Consistia em dois grupos de guerreiros, que se exibiam sucessivamente com chapéus imitando catedrais, coroas, tiaras, mitras, enfeitados com espelhos, alfajôres, miçangas, fitas prateadas, num conjunto policolor e sugestivo.

A coreografia era pobre, e os instrumentos consistiam em apenas sanfonas (uma para cada grupo) e pandeiros. Uma seqüência de cantigas dançadas, denominadas peças, intercaladas por marchas (danças não cantadas) e representações (entremeios e partes) constitui o auto, que se inicia e termina com cantigas e danças características dos grupos de Reisado.

4 – Folguedos Carnavalescos

  • Samba de Matuto: a letra das melodias faz referência a santos católicos, a espíritos das religiões afro-brasileiras e a cenas do cotidiano, com nítida identificação com os terreiros de xangô. No início de cada apresentação o Mestre acende “três pontos” (velas) aos orixás, para o bom andamento do folguedo. É bastante freqüente no período carnavalesco, em cidades litorâneas de Alagoas, ou no bairro do Poço, em Maceió.
  • Negras de Costas: grupos formados por homens vestidos com trajes convencionais de baianas, que dançam ao som de ganzás e reco-recos. Adaptação alagoana dos Maracatus pernambucanos, sem ligação com religiões afro-brasileiras.
  • Cabinda ou Cambinda: grupos de dançadores negros que se divertiam no Recife em préstito, até a porta da Matriz, modificando a seguir seu ritmo e participando dos desfiles de Maracatu. Realizavam, como expressão do desenvolvimento coreográfico e impulsão lúdica, uma embaixada que saudava os santos da Igreja, os grandes da cidade e conquistavam o povo pela melodia, movimentação, depois pela sugestão variada e vistosa de trajes. Seriam estes grupos a velocidade inicial e básica que constitui o maracatu.
  • Afoxé: cortejo carnavalesco integrado por negros que cantam melodias do candomblé em nagô ou iorubá. Em Salvador (BA), existe um grande grupo representante, os Filhos de Gandhi, que apresentam-se sempre de branco e azul por causa das festividades. Afoxé pode ser, também, um dança ritual de origem iorubana, presente nas cerimônias em que são encomendadas as almas dos mortos.
  • Ursos de Carnaval: uma tradicional diversão carnavalesca da qual participam dois foliões: um deles é o urso e o outro é o domador. Às vezes participa também o caçador. O domador se encarrega de recolher o dinheiro entre os assistentes, enquanto o urso devidamente caracterizado, faz as estripulias. Animando o carnaval do Recife, costumam cantar os seguintes versos:

“Viemos da Itália
Não trouxemos roupa
Trouxemos este urso
enrolado na estopa.”

5 – Folguedos de festas religiosas

  • Mané do Rosário: apresenta-se por ocasião da festa de São José, em 19 de março, em Poxim, Alagoas. Surgiu em 1762, durante a construção da Igreja de São José, padroeiro de Poxim; naquele ano apareceu, pela primeira vez, uma dupla de mascarados que brincavam na porta da igreja. Daí em diante, eles apareceram até 1766, quando sumiram. Então, a população resolveu copiar os trejeitos e as danças, e como não conhecia o nome do autor, atribuiu o folguedo a Manoel do Rosário, dançador de Reisados e Maracatus. O grupo constitui-se de homens e mulheres mascarados que dançam e pulam ao som de uma banda de pífanos. São personagens as Moças e os Bobos de Chocalho, estes vestindo terno completo e chapéu de palha de ouricuri e chocalhos presos ã cintura, tendo o rosto pintado com carvão. Dançam ao som de zabumba, que toca o baiano, ritmo que é uma dança lasciva, movimentada, que permite improvisações por ser uma coreografia individual, ao som de canto próprio, com letras, além do acompanhamento de viola e pandeiro. Nos intervalos, tocam as marchas, e ao fim da apresentação, dançam um tango. Os dançadores se apresentam com roupas femininas, cobrem os rosto com fronhas e os braços com meias.
  • Bandos: são grupos mascarados, uns a cavalo, outros a pé, que fazem corridas pelo povoado anunciando com antecedência a festa de Santa Luzia, em Alagoas. O grupo corre e dança ao som do Esquenta-Mulher, conjunto orquestral, de forte origem africana, constituído, até hoje, por negros, que consta de dois ou três pifes (flautas) de taquara, um caixa, e dois zabumbas, e um par de pratos de metal, além das composições típicas, tocam também as músicas em voga; o samba, a marcha, e o frevo, convocando o povo a comparecer à festa.
  • Festa de Nossa Senhora do Rosário: padroeira dos escravos, juntamente com São Benedito, sua festa se realiza no final do mês de novembro, sendo que, em Parati (RJ), é chamada de a festa do Divino dos Pretos. Os festejos têm a presença do rei e da rainha, vestidos a caráter. O início dos festejos é marcado pela missa solene na igreja enfeitada de branco e azul. O mastro ostenta as figuras dos santos padroeiros, que também aparecem na procissão. Crianças vestidas de anjos e de São Benedito, e o povo devoto são acompanhados por uma banda. À noite, é realizada uma quermesse.
  • Dia da Nossa Senhora Aparecida: o dia dedicado à padroeira do Brasil: 12 de outubro é feriado nacional. Centenas de milhares de fiéis chegam de todo o Brasil a Aparecida (SP), nesse dia, para missas, procissão e visita à basílica. É a maior concentração religiosa do país.
  • Nossa Senhora dos Navegantes: é a festa principal dos salineiros e dos marítimos, que prestam sua homenagem em 15 de agosto. Em Manaus, esse dia é precedido por novena, missa e procissão. Com a maré cheia, o rio Açu sobe e os barcos podem atracar em frente a matriz. Nesse momento a imagem da santa deixa a igreja, sendo levada para o barco de honra, enfeitado para a ocasião. Acompanha a procissão canoas, barcaças, barcos à vela ou a motor, ao som da filarm6onica Monsenhor Honório, tradição respeitada com todo o fervor.
  • Santa Rita: padroeira dos pardos libertos de Parati, sua festa é marcada pela presença de devotos que assistem à missa solene em louvor à Santa dos Impossíveis. Fazem parte das comemorações ladainhas, novenas e uma quermesse em torno da igreja.
  • Festa de Santa Cruz: em São Paulo, teve início na aldeia de Carapicuíba, durante a catequese dos índios da região, no século XVIII. Também encontrada em Itapecerica, Embu e Cercado Grande. Durante o período em que a festa se realiza, há missa, novena, procissão, leilão, danças, jogos, barraquinhas. Em frente da igreja e também diante de cada cruz fincada na porta das casas, os participantes cantam a saudação:

“Deus te salve cruz bendita
oda coberta de flor,
Onde Cristo verdadeiro
Padeceu por nosso amor”

Durante a semana toda há festividades variadas, comidas e bebidas. À chegada os cantadores e tocadores são recebidos com gemada e vinho, pois a região é muito fria. No final da festa dança-se a zagaia, e canta-se a despedida.

  • Bom Jesus dos Navegantes: realizada em Salvador, no primeiro dia do ano. A imagem de Cristo, em embarcação ornamentada e acompanhada por centenas de outras, cruza a baía de Todos os Santos.
  • Corpus Christi: dia santo, de celebração do corpo de Cristo, e feriado nacional. Em muitas cidades, ornamentam-se as faixas centrais das ruas com figuras da liturgia católica coloridas, feitas de flores, plantas, folhagens, serragem, pó de café, areia. Diamantina (MG), Florianópolis (SC), Cabo Frio e Petrópolis (RJ), Matão, Ibitinga e São Manoel (SP) destacam-se por ornamentações esmeradas.
  • Festa do Divino: misto de manifestação religiosa e profana, estabelecido em Portugal pela rainha Isabel, no século XIV. Chega dois séculos depois a Parati (RJ), onde se comemora o Boi Divino, com distribuição de comida aos pobres. Conserva as ladainhas, procissões e danças folclóricas portuguesas, como nos festejos originais. Em Alcântara (MA), os participantes representam personagens do Brasil colonial e, pela tradição, o imperador prende alguém antes da festa, acusando-o de provocar desordem. Em vários municípios da Bahia, as comemorações se estendem por dez dias, em fins de maio, com desfecho no domingo de Pentecostes.
  • Festa do Senhor do Bonfim: em Salvador, a lavagem das escadarias da igreja do Senhor do Bonfim, que no sincretismo afro-cristão corresponde a Oxalá, o maior dos orixás, filho de Olorum, ente supremo da mitologia iorubá. A festa se realiza a partir da segunda quinta-feira após o dia de Reis (6 de janeiro) e se prolonga até o domingo.

Carnaval

Festa popular três dias antes da Quarta-feira de cinzas, dedicados a folias, diversões, folguedos, bailes, fantasias, com características regionais próprias. D Difundido-se por todos os cantos do Brasil, o Carnaval vem sofrendo modificações acentuadas em relação às festas tradicionais.

No século XIX, essas manifestações não passavam de um tímido esboço do que viriam a ser no século seguinte. Na cidade de São Paulo, um Carnaval acanhado começava a percorrer as avenidas, com seus foliões no interior de carros, que faziam o corso, guerras de confete e serpentina. Anos depois começaram a surgir os clubes, com seus bailes de máscaras. No início do século XX, as cantigas com letras maliciosas já insinuavam as críticas sociais que passariam a ser uma constante nas melodias carnavalescas.

Cantigas e danças se multiplicaram ano a ano, em blocos, ranchos, cordões, marcando o Carnaval do Rio de Janeiro, que tinha como característica principal a presença do Rei Momo que dava caráter oficial ao carnaval carioca. O de São Paulo, que tinham carros com capotas arriadas, enfeitados com pessoas fantasiadas e pintadas de pierrôs, arlequins e melindrosas, fazendo guerras de lança-perfumes e serpentinas, enquanto pessoas sentadas nas calçadas assistiam ao espetáculo. Em Recife surgiram as folias comandadas por marchas-frevos.

O da Bahia, que era constituído por clubes que aderiram a guerra de confetes com participação popular. Um fato marcante do carnaval baiano foi a criação do bloco afro Ilê Ayê, que posteriormente deu origem ao afoxé Filhos de Gandhi. Com a participação de universitários, hoje em dia existe um projeto de preservação da cultura carnavalesca e da história dos carnavais, resgatando traços da influência portuguesa, africana e indígena, tendo como símbolo a índia Catarina Paraguaçu.

Os carnavais atuais perderam totalmente as conotações religiosas-festivas de outrora e se tornaram apenas manifestações populares de alegria, ritmo, música e dança, com características regionais próprias.

Natal

Originariamente, é uma festa consagrada ao sol, depois festa pagã; substituída mais tarde pelas comemorações cristãs relacionadas ao nascimento de Jesus. A data foi fixada em 25 de dezembro, no século IV.

No Brasil, o Natal é festa religiosa com manifestações populares que se incluem no ciclo Natalino. A tradição litúrgica de suas representações da Natividade, com seus presépios, árvores de Natal, a reunião festiva em torno da mesa, em que se apresenta uma culinária específica. A herança lusa ainda permanece, com a Missa do Galo, à meia-noite do dia 24 de dezembro.

Além dessas existem outras representações e celebrações em comemoração ao nascimento de Jesus, que variam de acordo a região, e seus adicionais culturais específicos, como no Norte e Nordeste do país, incluem os tradicionais Pastoris, Reisados, Folias de Reis. No sudeste, a tradição que se dá mais importância são os corais e principalmente a ceia das famílias, o Natal atualmente é mais voltado para a doação de presentes e para a confraternização familiar do que para o objetivo inicial de celebrar o nascimento do Salvador cristão.

Páscoa

A Páscoa têm por fundamento a celebração cristã de ressurreição de Cristo, tendo para os cristãos uma significação especial, de salvação. Foi trazida em 1913, por imigrantes alemães ao Brasil, a tradição do coelho e dos ovos de Páscoa no Brasil são símbolos pascais inspirados no costume chinês de colorir ovos de pata para celebrar a vida que deles se origina.

Diversos países europeus fabricam ovos de chocolate, na Páscoa. O coelho, da mesma época, tem origem anglo-saxônica e simboliza fecundidade. Essas tradições são representações culturais adquiridas e modificadas com o tempo, mas muito difundias pelo Brasil.

Festas Juninas

A Festa Junina é a comemoração dos três santos de junho, Santo Antônio, São Pedro, e São João, mas essas comemorações tem outros significados como a ocasião de encontros de amigos e parentes.

Fogueiras, fogos de artifício iluminam as noites e animam a população com os casamentos caipiras, as quadrilhas, as cirandas e xibas, sempre acompanhadas de comidas e bebidas típicas. Uma das mais famosas é a de Parati (RJ), e a de Juazeiro do Norte.

Finados

Não se trabalha no dia 2 de novembro, Dia dos Mortos. As superstições portuguesas, proibições e respeitos do Dia de Finados continuam em todo o Brasil. É o dia em que os finados visitam os lugares onde viveram ou foram mortos. A comemoração Omnium Fidelium Defunctorum, datando do século X, mantém tradição imemorial em todos os cultos religiosos.

A decoração dos túmulos com flores e velas e a visita aos cemitérios ambientam crendices incontáveis. Os negros iorubanos realizam os adamorixás, funerais com preces, cantos e danças. Em outros lugares as refeições fúnebres tinham um cerimonial impressionante pela compostura e silêncio dos componentes. A Festa dos Mortos em Alagoas e no Rio de Janeiro, constando de danças, jejuns, sacrifícios de animais e banquetes.

Danças

Teria sido a primeira manifestação grupal de homenagem às forças sobrenaturais. Os vestígios de coreografias em círculo estão na França, onde os feiticeiros desenhando nas rochas dançam seduzindo cervos e vestindo as peles dos animais representados; no Brasil do século XVI referente às danças indígenas, dançava-se em círculos, para transmitir coragem aos guerreiros. As danças só podiam ser expressões sagradas, depois o espírito lúdico às modificou.

Dançar para recreação é conquista milenar do homem às exigências dos cultos rurais. Durante milênios só existiam as danças para pedir chuva, caça, e vitórias e agradecer as mercês aos deuses. O europeu trouxe para o Brasil os bailes de par, homem e mulher, e parte daí a iniciativa do dançarino solista, independente.

A influência européia plasmou a multiplicidade criadora das danças nativas, técnicas dos brancos e essência inspiradora local. Todos os povos dançaram e dançam, e será milagre um baile totalmente original, sem cores e elementos recebidos por aculturação.

1 – Dança da Peiga

Na cidade de Bom Jesus, no Recôncavo baiano, a dança da peiga é apresentada no mês de meio, durante as festas de Santa Cruz. É dança de fileira, só para homens, vestidos de branco, gravata escura e chapéu. A apresentação se inicia com a saudação. E a cantoria continua até começar a dança, coreografia marcada como quadrilha.

O acompanhamento musical é feito por duas violas, a do mestre e a do contra-mestre, um surdo feito de barril, um caixa artesanal, um triângulo, e um reco-reco de bambu.

2 – Dança de São Gonçalo

É talvez a última dança como ação religiosa e oferenda litúrgica. Prometem fazer a dança moças que têm seus noivos problemáticos, pessoas doentes, principalmente do estômago e do ventre. Além de promover a dança, o devoto promete comer certa parte do animal abatido para festa, e dançar com a imagem de São Gonçalo.

A disposição era simples. Dançavam doze pessoas, em duas filas de seis. Um homem com vila é o Guia, atrás se punha uma mulher, a contraguia. Seguiam-se homens e mulheres. Os quatros músicos eram homens. O canto, uníssono, era acompanhado de bolandas para direita e esquerda, e depois desfilavam em frente ao altar de São Gonçalo.

Os dançadores fazem um círculo e os devotos que têm promessas a cumprir ficam dentro, formando um círculo menos. A mulher que prometeu dançar com o santo, cobre este em parte com um pano branco, os outros andam com velas brancas, só os dançadores de fora batem os pés, os de dentro andam em paços miúdos e concentrados. São os cantos finais:

“São Gonçalo está contente,
De se ver nas suas mãos.”

Os devotos abandonam a roda de dentro. O ciclo externo faz as voltas prometidas. É a hora do lenço, a despedida. Os folgazões agitam os lenços, despedindo-se. Rezam um pai-nosso.

3 – Balaio

Dança introduzida pelos açorianos, acompanhada por sanfona. É uma espécie de fandango, coreografia em círculo e pares determinados.

4 – Catira ou Cateretê

Essa dança remonta os tempos coloniais. É uma dança só de homens, em fileira, tendo à frente dois violeiros que cantam moda de viola que relata uma história de amor ou satírica. Após a parte inicial, os dançadores, colocados frente a frente sapateiam e palmeiam ao ritmo de violas.

Em seguida, os cantadores cantam a segunda parte até o final do tem. A dança termina com o recortado, uma coreografia em que os dançadores, sempre sapateando, trocam de lugares.

5 – Chupim

Dança do Mato Grosso do sul, com o mesmo ritmo da polca paraguaia. Três pares volteiam os braços em asas, e fazem toques de castanholas com os dedos. As mulheres vestem-se com sai rodada e blusa branca, com flores no cabelo, os homens com calça marrom, camisa xadrezinho, chapéu de palha e botas.

6 – Ciranda

Dança de roda muito comum no Brasil. Samba rural de Parati, e também dança paulista de adultos, terminando o baile rural do Fandango, em rodas concêntricas, homens por dentro, mulheres por fora. Um dos versos mais conhecidos é:

“Esta ciranda
Quem me deu foi a Lia
Que mora na ilha
Da Itamaracá”

A dança é ritmada, ao som de percussão: ganzá e caixas. Musica e letra das cirandas são rondas permanentes na literatura oral brasileira, atestando que as cantigas infantis são as mais difíceis de renovar porque as crianças são as mais conservadoras, repetindo as fases de cultura peculiares.

7 – Samba

Baile popular urbano e rural. Sinônimo de pagode, função, fobó, arrasta-pé. É uma dança de roda, inicialmente o mesmo batuque, dançando com par enlaçado. Samba é nome angolano que teve sua ampliação no Brasil.

  • Samba de Caboclo: pertencentes aos terreiros de Angola-Congo e Moxicongo. Dependendo de interpretações baseadas em lendas, estórias de valentia, presença de santos católicos e sua atuação nos acontecimentos de vida cotidiana, seus adeptos organizam um calendário festivo. Durante a festa é costume fumar cachimbo e cigarro de palha com fumo de corda.
  • Samba do Cacete: é uma dança de círculo, com participação de homens d e mulheres que seguram dois pedaços de madeira, para repercutir numa das extremidades de um tambor, enquanto outro tocador dá o ritmo com as mãos, batendo na outra extremidade. Em um dado momento as mulheres, com as mãos na cintura, giram para todos os lados, enquanto os homens dão saltos diante delas, depois voltam a se posicionarem.
  • Samba-lenço: dança introduzida pelos negros africanos, ainda encontrada na capital paulista. Os homens vestem calças largas, as mulheres saias rodadas coloridas, brincos e muitos colares, fazendo girar um lenço branco. As melodias são simples, com versos tradicionais ou improvisados. Os grupos cantam em louvor de São Benedito.
  • Jongo: espécie de samba, em São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, e no Rio de Janeiro. Sua coreografia difere de uma para outra localidade. “No centro da roda, exibem-se os dançadores individualmente, numa coreografia complicada de passos, contorções violentas e sapateados, no que revelam grande agilidade. O acompanhamento é feito por instrumentos de percussão, pequenos tambores, chamados tambores de jongo, que são barrilotes fechados por uma pele esticada. Às vezes o cantador traz um chocalho na mão. O interesse do jongo está na disputa que fazem os dançadores de suas habilidades, sendo comum irem ao centro da roda dois deles – um homem e uma mulher – e, encorajados pela vibração da assistência, realizam um verdadeiro desafio de passos. O canto é de estrofe e refrão, sustentado pelo ritmo surdo dos tambores, às vezes acompanhados por palmas. Conserva-se sua característica de dança de roda, que se movimenta em sentido lunar, isto é, no sentido anti – horário. O jongo só é dançado à noite e mantém para seus dançadores a fama de feiticeiros, sabedores de segredos mirabolantes e de poderes mágicos. O jongo é cantado por um ou mais solistas, e o refrão respondido pelo coro. O jongo segue por toda a madrugada. Na favela da Serrinha, no Rio de Janeiro, existe um grupo de Jongo, o Jongo da Serrinha que além de dar continuidade a essa celebração, tem também um trabalho social de inserção na cultura popular e folclórica da comunidade.

8 – Frevo

Dança de rua ou salão, trata-se de um marcha de ritmo frenético, obsedante, violente. O frevo é uma marcha, mas mais pesada e barulhenta. A maior característica do frevo é ser uma dança de multidão, que engloba todos que o ouvem, como se todos passassem uma corrente eletrizante. Centenas e centenas de dançadores ao som da mesma música excitante dançam diversamente, com passos pessoais.

9 – Pau-de-fita

Portugueses e espanhóis trouxeram a dança para o continente americano. Também pau-de-fitas, dança de roda em volta de mastros floridos, com quatro ou oito pares de dançadores. Com a mesma quantidade de dançadores, as fitas ficam presas no alto do mastro, e cada um com movimentos simultâneos, sempre seguindo o ritmo da sanfona ou gaita, vão envolvendo o mastro.

10 – Carimbó

Dança de roda, típica dos folguedos caboclos, encontrada na ilha de Marajó e arredores de Belém, com acompanhamento de percussão. O carimbó não é hoje uma dança exclusiva de negros.

Além de caboclos e mestiços, os brancos, também participam, e em sua formação há uma influência indígena tanto na música quanto na coreografia.

Artesanato

Artesanato

Obra de artesão, pessoa que trabalha por conta própria em trabalho manual, sozinho ou com assistentes e aprendizes, muitas vezes da própria família. Os artesãos utilizam materiais acessíveis como madeira, argila, fios, fibras, sucata.

Em quase todo o Brasil, a produção de mini-indústrias é vendida como artesanato. Embora muitas dessas peças tenham deixado de ser artesanais, ainda revelam aspectos da cultura e dos costumes dos povos das regiões onde se encontram.

1 – Cerâmica

Uma das formas de arte popular e de artesanato mais desenvolvidas no Brasil. Nas feiras e mercados do Nordeste, os bonecos de barro reconstituem personagens do cotidiano. Os mais conhecidos são os de Mestre Vitalino (1090-1963), pernambucano que ajudou a dar fama à feira de Caruaru, onde, segundo o baião de Luís Gonzaga, “de tudo que há no mundo, nela tem pra vendê”. Outros ceramistas de renome em Pernambuco são: Manuel Eudócio, Zezinho de Tracunhaém e alguns dos filhos e sobrinhos de Vitalino.

O Vale do Jequitinhonha (MG) também tem cerâmica de características próprias: em geral, grandes bilhas em formato de mulher com as mãos na cintura, formando vãos por onde passa o ar, que mantêm a água fresca.

2 – Escultura de Madeira

Escultura de madeira

As carrancas são uma das manifestações mais expressivas do trabalho em madeira na arte popular. São figuras reais ou mitológicas, com formas humanas ou de animais, geralmente com expressões iradas, que os navegantes costumam colocar à proa de suas embarcações, vistas como um meio de enfrentar os maus espíritos.

São muito conhecidas as carrancas do rio São Francisco, obras de artesãos desconhecidos pelos pesquisadores, chamadas também de cabeças-de-proa.

Outro tipo de escultura popular em madeira é o produzido em Teresina (PI) por Mestre Dezinho (José Alves de Oliveira), um marceneiro que se especializou em esculpir anjos e santos marcados pelo rosto triangular e pelos olhos esbugalhados.

3 – Renda de Bilros

Renda de bilros

Trazida pelos portugueses, a renda de bilros ou de almofada é um trabalho tradicional de vários pontos do litoral brasileiro. A rendeira usa uma almofada onde é preso um papelão com o motivo da renda.

Os bilros – peças de madeira ou metal semelhantes a fusos – movimentam as linhas que são presas no papelão por cravos de madeira, alfinetes ou espinhos de mandacaru. Os papelões são passados de geração a geração e alguns motivos são exclusivos de uma família.

Rodeios e Vaquejadas

São provas que mostram a habilidade dos peões e vaqueiros na lida com cavalos e gado. Os rodeios têm estilo americano. Tornam-se cada vez mais populares nos últimos anos, em especial no interior paulista. Têm origem nas viagens de boiadeiros, as comitivas, levando gado para corte ou para invernada.

A maior e mais antiga festa de peão de boiadeiro acontece em Barretos (SP), há quarenta anos. Começa com a “queima do alho”, numa referência às paradas para refeição das tropas, e segue com apresentações de grupos folclóricos e provas eqüestres.

Na vaquejada, os participantes competem em duplas para apartar e marcar o gado. A cada rês dominada, o público comemora, com gritos e foguetes. As vaquejadas acontecem, sobretudo, no Nordeste. A mais famosa é a de Orós (CE).

Literatura

Compreende as formas literárias, tanto escritas quanto verbais: quadrinhas, sextilhas, mitos, assombrações, lendas, causos, anedotas. Classifica a literatura em três gêneros distintos:

1 – Literatura oral

Reúne contos, lendas, mitos, adivinhações, parlendas, cantos, orações, frases feitas tornadas tradicionais ou denunciando uma estória. Enfim, todas as manifestações culturais, de fundo literário, transmitidas por processos não-gráficos.

Essa literatura oral sofreu influências dos portugueses, africanos e índios, preservando-se na memória do povo. Conto, causo e conto folclórico constituem o relato oral e tradicional de contornos verossímeis ou não. Tanto podem se referir a fatos possíveis quanto a abstrações histórico-geográficas.

Há contos que reproduzem a realidade vivida, mas há também os que se situam no sobrenatural. É que o homem, na luta pelo próprio sustento, sempre gostou de ouvir narrativas fictícias, acima das misérias cotidianas.

Exemplos de literatura oral:

  • Boitatá: gênio protetor dos campos. Aparece sob a forma de enorme serpente de fogo, que mata quem destrói as florestas. O padre José de Anchieta, em 1560, é o primeiro a mencionar o boitatá como personagem de mito indígena brasileiro. Esse é o nome dado pelos índios ao fenômeno do fogo-fátuo.
  • Boto: mito amazônico. É o pai das crianças de paternidade ignorada. Descrito como rapaz bonito, bem-vestido, boêmio e ótimo dançarino. Nos bailes, encanta as moças, leva-as para igarapés afluentes do Amazonas e as engravida. Antes da madrugada, mergulha no rio e se transforma em boto. Chamado também de boto tucuxi.
  • Caipora: segundo a mitologia tupi, um personagem das florestas, com a propriedade de atrapalhar os negócios de quem o vê. Quando um projeto sai errado, se diz que seu autor viu o caipora, ou caapora. Em algumas regiões, é um indiozinho de pele escura. Em outras, uma indiazinha feroz. É descrito também como criança de uma perna só e cabeça enorme.
  • Cuca: influenciada pela bruxa de origem européia, é uma velha feia que ameaça crianças desobedientes, em especial as que não querem dormir à noite.
  • Curupira: mito conhecido de vários índios sul-americanos. Na Venezuela, o chamam de Máguare. Na Colômbia, Selvage. Os incas peruanos o denominam Chudiachaque. A cabeça também varia: em alguns lugares, ele é careca, em outros tem cabeleira vermelha. Mas todos o descrevem como um anão com os pés às avessas calcanhar para frente, dedos para trás. Seu rastro engana os caçadores inescrupulosos, fazendo com que eles se percam na floresta. Não varia, também, sua função de ente protetor das árvores e dos animais.
  • Iara: tem as mesmas características das sereias: mulher da cintura para cima, peixe da cintura para baixo, canto irresistível aos ouvidos dos homens, que atrai para a profundidade das águas, onde habita.
  • Lobisomem: homem aparentemente comum. Vive e trabalha como os demais da comunidade. Nas noites de lua cheia se transforma em um lobo, ou em um homem com cabeça de lobo e mata quem cruza o seu caminho. Antes do dia clarear readquire forma humana.
  • Matintapereira: segundo a mitologia tupi, é uma pequena coruja que canta à noite para anunciar a morte próxima de uma pessoa. Descrevem-na também como mulher grávida que deixa o feto na rede de quem lhe nega fumo para o cachimbo.
  • Mula-sem-cabeça: personagem monstruosa em que se transforma a mulher que tem relações sexuais com padres ou compadres. Acredita-se que a metamorfose se dá nas noites de sexta-feira, quando o galope da mula-sem-cabeça assombra pessoas da comunidade.
  • Negrinho do pastoreio: na tradição gaúcha, uma espécie de anjo bom, ao qual se recorre para achar objetos perdidos ou conseguir graças. É o negrinho escravo que o dono da estância pune injustamente, açoitando-o e depois amarrando-o sobre um formigueiro. Mas seu corpo aparece intacto no dia seguinte, como se não tivesse sofrido nenhuma picada, e sua alma passa a vaguear pelos pampas.
  • Saci-pererê: Negrinho de uma perna só, fuma cachimbo e cobre a cabeça com carapuça vermelha. É inofensivo: diverte-se assustando gado no pasto, dando nó em rabo de cavalo e criando pequenas dificuldades domésticas.

2 – Literatura popular

Tipicamente impressa, não exclui a passagem à oralidade. É veiculada por meio de folhetos que abordam os mais variados assuntos.

Denominada literatura de cordel, expressa-se sob forma ABCs, décimas, sextilhas, abordando temas sociais, políticos, fatos e casos do cotidiano. Por exemplo, a história do Padre Cícero. Cícero Romão Batista nasceu no Crato, Ceará, tornou-se sacerdote em 1870, fixou-se no arraial de Juazeiro. Foi o único brasileiro a tornar-se centro de interesse sobrenatural, motivando romarias com finalidades morais, que a morte não desvaneceu.

Sua presença física permanece uma constante psicológica dentro da dinâmica social do povo nordestino. Suspenso de ordens religiosas em 1897, a proibição de ministrar os sacramentos em nada lhe afetuoso prestígio transbordante e avassalador. Foi deputado federal e vice-presidente do estado. Determinou uma bibliografia riquíssima em folhetos, opúsculos, pesquisas sociológicas, e seu nome vive na boca de cantadores e na literatura oral do Nordeste. Morto, a devoção continua.

3 – Literatura tradicional

Sempre impressa, tem sua permanência no tempo constantemente renovada pela reimpressão que teve sua escalada, a partir de 1840. Pertencem a esta categoria as novelas: Donzela Teodora, Imperatriz Porcina, Roberto do diabo, além das histórias de Carlos magno e os Doze Pares de França, uma obra popularíssima em Portugal e no Brasil, leitura indispensável por todo o sertão, inúmeras vezes re-impor todo o sertão, inúmeras vezes reimpressa e tendo ainda o seu público leitor fiel e devotado. Fornece material aos cantadores, e muitos episódios tiveram redação em versos, constituindo temas de cantos e leituras entusiásticas.

Um exemplo de literatura popular e oral é a Literatura de Cordel, referente aos folhetos impressos, compostos em todo o Nordeste e depois divulgados pelo Brasil…”As raízes da nossa literatura de cordel, narrativa em versos e registro de fatos memoráveis, em folhetos, estão fincadas, sem nenhuma dúvida, em velha tradição portuguesa ibérica” (Veríssimo de Melo). A literatura de cordel, migrante de países europeus, ingressou no patrimônio de cultura oral. O Nordeste tinha o ambiente social ideal para surgir esse tipo de literatura, oferecendo condições que propiciam o surgimento dessa forma de comunicação literária e difusão da poesia popular através de cantorias em grupo e de forma escrita.

Nas cantorias da literatura oral do Nordeste encontramos dois tipos de poesia: um tradicional, que está sempre na memória dos cantadores, outro é o improvisado, ou o repente, dito em face de um fato momentâneo ou a propósito de uma pessoa presente; este último é o autêntico improviso, muito comum, sobretudo, no desafio.

A literatura de cordel são relatos estóricos de crimes, pecados gravíssimos ligados a tabus, usos e costumes, herdados dos antigos pela via das tradições e da literatura oral, na herança da cultura popular an6onima e da poesia ágrafa não-oficial. Como exemplo de poeta-cantador, um alagoano chamado Cordeiro Manso, quando começou a fazer versos mandou imprimi-los em formato de folheto e xilogravura e saiu vendendo nas fazendas e nas cidades vizinhas, outro cantador famoso é o cego Aderaldo, que junto com Zé Pretinho, foi sempre desafiante. Eis alguns versos improvisados de Aderaldo:

“Eu vou mandar de toada
Pra uma que mete medo
Nunca encontrei cantador
Que desmanchasse este enredo.
É um dedo, é um dado, é um dia
É um dia, é um dado, é um dedo.
Zé Preto, esse teu enredo
Te serve de zombaria
Tu hoje cega de raiva.
E o diabo será teu guia
É um dia, é um dedo, é um dado
É um dado, é um dedo, é um dia.”

Produto cultural de origem européia, o cordel, ou folheto de literatura popular, desenvolveu-se no Nordeste. Compões vasto acervo de manifestações literárias, a maioria com autores desconhecidos. A literatura de cordel dá um sentido de uniformidade às criações dos poetas populares pela circunstância especial de se apresentar impressa, reproduzidas de textos previamente manuscritos.

Os temas principais desse tipo de literatura são as grandes enchentes, as vidas dos artistas mais populares, as façanhas de Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, 1900-1938) e seus cangaceiros, a epopéia do rei Carlos Magno e os Doze Pares de França são alguns dos temas dos cordéis de maior tiragem. Um dos campeões de vendas é A morte de Getúlio Vargas. Lançado logo após o suicídio de Getúlio, em agosto de 1954, vendeu 70 mil exemplares em 48 horas. Um dos poetas de cordel mais conhecidos é o pernambucano Leandro Gomes de Barros (1865-1918), autor de mais de mil títulos.

Ivo Meireles

Ivo Meirelles ficou conhecido nos anos 80, quando foi autor, com os parceiros Paulinho e Lula, do famoso samba enredo “Da Mangueira, Caymmi mostra ao mundo o que a Bahia e a Mangueira têm” (“Tem xinxim e acarajé/ Tamborim e samba no pé”). Depois se juntou a Lobão na busca de uma fusão do rock com o samba. Nos anos 90, liderou o grupo Funk’n’lata que teve um sucesso efêmero com “Não é mole não!”.

Ele sempre batalhou por fusões e por dar uma cara moderna para o samba, algo que o tire do gueto de raiz e o coloque na rota da popularidade nacional. Ele acha que o samba carioca perdeu o bonde nos anos 90 e se deixou engolir pela versão pagodeira criada no túmulo do samba.

“- Eu odeio a expressão samba rock, eu e Benjor não gostamos dessa expressão. Eu faço samba misturado com funk e soul, que eu prefiro chamar de suingue. Agora, chega em São Paulo e falam ‘pô meu, isso é samba rock’. Eu não estou nessa, eu faço disco na contramão”.

O cantor prega uma ofensiva da música carioca que una as diversas vertentes que praticam a mistura, como Fernanda Abreu, Farofa Carioca, Seu Jorge e Pedro Luís e a Parede:

“- A gente não se encontra, não bate papo, não se entende. Você vê que na Bahia o pessoal do axé canta música uns dos outros, se promovem e falam dos outros”.

Ivo lembra que, no começo da década passada, o pagode carioca dominava as paradas com Zeca Pagodinho, Dona Ivone Lara e outros, depois foi jogado para trás:

“- Eu fiquei triste ao ver o samba carioca em quarto plano. Quando chegava em São Paulo com o Funk’n’Lata diziam que era muito carioca, quer dizer, não tem no Brasil uma música carioca como tem o axé, o pagode o Manguebeat”.

Ele diz que vibrou com um clipe que viu na televisão de “Sou negrão”, do rapeiro paulista Rappin Hood com Leci Brandão.

“- Se eu tivesse feito isso iam vomitar em cima de mim. Era uma cozinha de samba bem carioca, sensacional” – diz.

Ivo já deu muito murro em ponta de faca para que a turma do samba aceitasse fugir da ortodoxia, mas deu azar de estar numa das escolas mais conservadoras da cidade. Indagado sobre o Monobloco, o bloco regido por Pedro Luís e a Parede, que desfila pela Zona Sul carioca antes e durante o carnaval fazendo uma mistura de ritmos, ele solta o verbo:

“- O Monobloco preenche uma lacuna que a escola de samba não sabe fazer. Se sugerisse de pegar a bateria e fazer uma coisa misturada tipo James Brown e Tim Maia ia ser expulso, aí vem um monte de branquelo, faz e todo mundo acha do cacete. O Monobloco precisa vir aqui dar uma aula de interatividade para a escola de samba. Imagine se a escola de samba abrisse um espaço no fim do ensaio, lá para as três da manhã, para a rapaziada mostrar o hip hop. Seria a bateria e o pessoal mandando”.

Ironicamente, a aproximação do samba com o rap está surgindo via São Paulo, enquanto o samba carioca continua refratário. Isso apesar dos dois se originarem nas mesmas comunidades. Apesar de achar que a verdadeira identidade do hip hop está em São Paulo e não fazer fé em coisas como a turma do Hip Hop Rio liderada por Marcelo D2, Ivo dá força e tem um projeto de colocar rap numa das barraquinhas que ficam na Visconde de Niterói, a rua da quadra da escola. Se o rap não entra na quadra, pelo menos ficaria na calçada e um dia, quem sabe, a mistura acontece.

Seu Jorge

A vida de Seu Jorge é daquelas nas quais o clichê “isso daria um filme” se encaixa perfeitamente. No entanto, apenas para usar um outro chavão, no caso do ex-vocalista do grupo Farofa Carioca, a vida foi mais fantástica que a ficção. E não apenas rendeu um filme, mas também um musical de teatro e – principalmente – um disco.

“Eu precisava tomar uma iniciativa em nome do samba”, reflete Seu Jorge. “Devo muito ao samba, não só musicalmente, mas como pessoa também. Foi conhecendo artistas como Jovelina Pérola Negra, Bezerra da Silva e João Nogueira que eu aprendi a me comportar, a ser gente. Daí meti na cabeça que meu trabalho tinha que ser a evolução do samba, mostrar para onde o ritmo ainda pode seguir”.De fato, o cd Samba Esporte Fino é uma verdadeira viagem que aponta novos caminhos para o (bom) batuque. Miscigenado com o funk, o sacundin de Jorge Ben, o reggae e o mais puro e enraizado fundo de quintal, o som de Seu Jorge é também um verdadeiro retrato cantado da musicalidade carioca.

“Quem me deu esse estalo foi o Chico Science. Quando vi um show dele, aquela mistura do regionalismo nordestino com a modernidade pop, aquilo foi uma porrada… Fiquei imaginando um jeito de fazer isso com as referências que eu tinha aqui no Rio”, explica Seu Jorge. Daí surgiu o Farofa Carioca, ponta de lança do dito movimento MPC (Música Popular Carioca), em 1996, junto com Pedro Luís & A Parede, O Berro, Bangalafumenga e outros jovens grupos. Jorge conta: “Quando formei o Farofa, queria fazer uma coisa pop fundamentada na tradição, no cavaquinho, no tantã. Era para ser um grupo que pudesse tocar em qualquer canto – na praia, na calçada, sei lá – só com aquele instrumental básico”.

Em 1999, a MPC (rótulo criado pela imprensa, e esnobado pelo cantor – “nunca tivemos uma bandeira, um manifesto, ou coisa parecida”) ficou pequena para o horizonte musical de Seu Jorge. “Nessa época eu precisava de uma abertura para cantar só que fosse natural e verdadeiro para mim. Porque o Farofa sempre teve uma proposta de misturar muito os sons, pegar vários estilos diferentes de uma vez só. E eu estava querendo outra coisa, queria ter o meu som próprio, falar só do que era importante para mim”.

“Eu sentia muita falta da música que aparecia no Brasil por volta do final dos anos 70, começo dos 80. Gente como Clara Nunes, Roberto Ribeiro, João Nogueira (a quem o disco é dedicado). Esse pessoal faz falta. É uma boa fase da música que estava sem ‘visitantes’, e meu disco é como uma visita a essa época. Nos anos 90 acho que a MPB ficou estagnada, repetindo os velhos clichês. Pô, estava na cara de todo mundo, mas ninguém ouvia mais. É como o Chico (Science) dizia: ‘modernizar o passado é uma evolução musical’. No disco eu brinco com várias referências: Zeca Pagodinho, Chico Buarque, Jorge Ben, mas tudo do meu jeito, soando do meu modo. Até quando eu toco um reggae (Hágua), não soa como Bob Marley. O meu reggae também é brasileiro”.

Seu Jorge é mais um a engrossar o revival do samba-rock, que vem trazido por novatos como ele mesmo e veteranos como o Trio Mocotó. “O samba-rock não é moda. Todo mundo que está fazendo este som hoje é autêntico, de raiz mesmo. O problema é o que o Brasil esqueceu do samba-rock, esqueceu que até Erasmo Carlos já fez samba-rock – o Tremendão já foi cabelo-duro, cara!”, afirma Seu Jorge. “Mas a mídia fica muita em cima do que acontece em São Paulo. Tem muita gente incrível aqui no Rio que ninguém conhece… Serginho Meriti, Dhema, Bruno Maia, uma turma do suingue mesmo. Podem tentar pasteurizar o ritmo, explorar comercialmente, só que isso é normal, também aconteceu com o forró: o estilo tem altos e baixos, mas a raiz se mantém”, crê o cantor.

O Maracatu

Um pouco sobre Pernambuco

O Estado de Pernambuco formou-se absorvendo tradições de diversas raças: negro, o índio, o europeu, de cada um dos povos que se miscigenaram para gerar uma cultura única. Traços dessa mistura de raças podem ser encontrados nos usos e costumes característicos da região. A cultura da civilização do açúcar, das terras áridas do Sertão, do sincretismo religioso está presente na música, na literatura, nas artes plásticas, nos temperos. Em todas essas manifestações há traços fortes de uma “pernambucanidade” latente – construída ao longo de séculos de história.

Cores, sons, movimentos, alegria estão presentes em todas as manifestações folclóricas, cuja maior expressão são danças e os ritmos. O frevo é o mais conhecido. Dançá-lo é “fazer o passo”, um agitar de pernas e braços, um descer e subir, um rodopiar constante, alegre e rico.

Sobre Pernambuco, Lenine afirma:

“- A maior expressão da cultura afro-brasileira é sem dúvida o maracatu. Eu que tive a felicidade de nascer recifense e de ser criado em meio a tanta diversidade cultural, adquiri muito cedo o gosto pela música de rua, a dança de rua, a cultura da rua, e em matéria de Rua, não creio que exista outro lugar como Pernambuco. Ciranda, Coco, Caboclinho, Bumba-meu-boi, Frevo, Pastoril, Nau Catarineta, Repente, Xote, Xaxado, Baião, Quadrilha, etc. São tantas expressões da cultura popular que é possível se perder diante de tanta exuberância, de tanta pluralidade e beleza. Mas o maracatu, acima de todos, me comove profundamente. Me comove pela realeza de sua dança e a imponência de sua coroação, me comove pela diversidade de seus personagens e a complexidade de seu cortejo, e além de tudo, me comove pela riqueza de seus ritmos e pelo banzo de suas loas. Maracatu é beleza elevada ao cubo. É o híbrido poderoso conclamando a mistura e é a cara mestiça do Brasil”.

Origem do Maracatu

Músicos e folcloristas acreditam que o maracatu seja fruto das festividades de coroação do Reis negros nomeados na instituição do Rei Congo em ato solene realizado no dia de N. Sr.ª do Rosário, durante o mês de março. As coroações consistiam na consagração de um líder negro, o Muquino-riá Congo ou Muchino Riá Congo, a quem seriam delegadas as atividades de chefia entre os escravos e de representatividade perante o senhor de engenho da região.

Os outros negros integravam as nações, subdivisões que agregavam escravos de tribos diversas ocupando cargos mais modestos. O elemento central desta manifestação era a presença da nobreza na festa de eleição dos chefes. A instituição do Rei Congo durou até meados do séc. XIX esvaziando-se o sentido da figura do Rei com a abolição da escravatura e a proclamação da República.

Os cortejos dos reis negros passaram a ter como chefe temporal e espiritual os babalorixás do terreiro do culto gegê-nagô. O espaço deixado pela extinta nobreza no desfile foi ocupado pelos membros das nações que, a partir do século XX, popularizaram definitivamente a festa, referência até hoje no carnaval do Recife. O antigo cortejo passou a ser chamado de maracatu palavra que, na linguagem popular expressa confusão, desarrumação. Os maracatus tornaram-se agremiações ou sociedades carnavalescas organizadas.

O maracatu divide-se em dois grupos: o de baque virado ou nação e o de baque solto ou rural; o primeiro atuando nas áreas urbanas e o segundo, como diz o nome, nas rurais.

1 – Maracatu de baque solto ou rural

Também é chamado de Maracatu de Orquestra, tem suas origens na segunda metade do século XIX e deve ser uma transfiguração dos grupos chamados Cambindas (brincadeira masculina, homens travestidos de mulher). O Maracatu Rural é uma espécie de fusão de elementos dos vários folguedos populares, indo às ruas das cidades do interior do estado; não apresenta reis ou rainhas no desfile.

Um ritmo rápido de chocalhos, percussão e acelerada do surdo, acompanhada da marcação do tarol, do ronco da cuíca, da batida cadenciada do gonguê, do barulho característico dos ganzás, com solo de trombone e outros instrumentos de sopro que, juntos, dão ao conjunto características musicais próprias e bem diferenciadas dos maracatus tradicionais.

O maracatu desfila em um círculo, tendo ao centro o estandarte. Em volta da roda, mulheres vestidas de baianas, as damas-de-buquê com seus ramos de flores de goma, a boneca ou calunga feita de pano ou plástico, e os caboclos de pena. Os caboclos de lança vêm abrindo espaço entre a multidão, com suas lanças de mais de 2 metros de comprimento, feitas de madeira com uma ponta fina e uma enorme cabeleira de papel celofane. Traz, como destaque, em sua indumentária, a gola bordada e o surrão. A gola de sua fantasia é feita em tecido brilhante, de cores vivas. O surrão é uma bolsa confeccionada em couro de carneiro, cobrindo uma estrutura de madeira, onde são presos chocalhos.

2 – Maracatu de baque virado ou nação

No Maracatu de Baque Virado ou Nação é mais fácil apontar elementos característicos das religiões afro-brasileiras da linha nagô. A Calunga, presente também no maracatu rural, encarna a divindade dos orixás, recebendo em sua cabeça os axés, que reúnem a força dos antepassados da nação. O instrumental, composto essencialmente elementos percussivos, é executado por toques, batidas de candomblé referentes a cada um dos orixás. As alfaias, instrumentos de percussão semelhantes ao surdo, junto às zabumbas, ao gonguê, ao tarol e caixa-de-guerra comandam o ritmo das toadas.

O início e o fim dos cânticos são determinados pelo som de um apito. O tirador de loas é o cantador das toadas que os integrantes respondem ou repetem sob seu comando.

O desfile segue o princípio do cortejo de coroação dos Reis negros da instituição do rei do Congo. É composto pelos seguintes personagens: rei, rainha, dama-de-honra da rainha, dama-de-honra do rei, príncipe, princesa, ministro, embaixador, duque, duquesa, conde, condessa, vassalos, damas-de-paço (que portam as calungas durante o desfile do maracatu), porta-estandarte, escravo sustentando a umbrela ou pálio (chapéu-de-sol que protege o casal real e que está sempre em movimento), figuras de animais, guarda-coroa, corneteiro, baliza, secretário, lanceiros, brasabundo (uma espécie de guarda costa do grupo), batuqueiros (percussionistas), caboclos de pena e baianas.

Os maracatus de baque virado ainda presentes no carnaval do Recife são: Nação Elefante, fundado em 1800, Nação Leão Coroado, de 1863, Nação Estrela Brilhante, de 1910, Nação Indiano, de 1949, Nação Porto Rico do Oriente, de 1967. No Rio de Janeiro o Rio Maracatu é o representante.

Chico Science & Nação Zumbi

“Se uma lição os dez anos da manguetown nos deixaram foi de que a melhor maneira de resolver o dilema modernidade versus tradição é não tratando o antigo como algo intocável, a ser conservado em formol. Quem fez mais pela música tradicional, Chico misturando suas batidas com o hip hop ou Ariano Suassuna com seu fundamentalismo armorial? A belíssima homenagem prestada pelos mestres do Maracatu no velório de Science parece suficiente para responder essa pergunta”.

Dj e jornalista Renato L., idealizador do movimento Manguebeat.

“Fui seu aluno na faculdade e cheguei a quebrar altos paus com ele. É engraçado porque ele evita falar do Chico, do mangue, manguebeat. Tanto que quando vão entrevistá-lo, ele pede para que não pergunte nada sobre o movimento porque ele sabe que não tem argumento. O que ele tem é uma opinião formada – ele detesta! Ele odeia! Já brigou com o Chico várias vezes. Não admitia o cara usar tambor de maracatu e se chamar Science. Até hoje ele detona o Tom Jobim. Ele não aceita a Bossa Nova, nem a Semana de Arte Moderna! Do Villa Lobos ele aceita só a parte que compôs na viola. Já o que fez no piano ele não aceita. Ele é padrinho da Orquestra Armorial e com essa postura aristocrática, eles se julgam donos da cultura popular, mas sempre acham que a cultura popular precisa de certos filtros acadêmicos para poder ser vendida para a classe média”.

Fred 04 do Mundo Livre S. A, sobre Ariano Suassuna.

Exemplos de Músicas Folclóricas

  • Folclore português como tema de música (Roberto Leal – Cana Verde)
  • Folclore brasileiro (Alecrim)
  • Capoeira angola (Paranauê)
  • Folclore brasileiro: moda de viola com catira ao fundo.
  • Folclore celta: harpa celta e flauta
  • Folclore africano: tambores
  • Folclore italiano: tarantela napolitana
  • Folclore português (Nosso bailinho)
  • Folclore canadense: província de Quebec
  • Folclore italiano: tarantela siciliana
  • Folclore brasileiro: frevo
  • Folclore grego
  • Folclore mexicano
  • Boi bumbá (Luiz Gonzaga)
  • Folclore brasileiro (Meu galinho)
  • Folclore chileno (Mi banderita)
  • Folclore brasileiro: trava língua (O doce)
  • Folclore português
  • Folclore brasileiro: festa junina (Pula a fogueira)
  • Folclore brasileiro: maracatu (Rio Maracatu – Pau de Arara)
  • Folclore brasileiro (A barata)
  • Folclore brasileiro: Folia de reis (festejo religioso brasileiro)

Observações

Tendo em vista as músicas acima, é observada a diversidade do folclore brasileiro. As músicas usadas para ninar e educar crianças em não se assemelha com o Boi Bumbá, por exemplo. Esta diversidade não é apenas visualizada no Brasil, já que tanto Tarantela napolitana é bem diferente da Tarantela siciliana, e ambas são características do mesmo país.

Além da multiplicidade do nosso folclore, ele também não é compartilhado por todos brasileiros. A música “A barata” é um exemplo disso, ela é muito conhecida em cidades mineiras e ao mesmo tempo é estranha para muitos cariocas.

Uma outra observação a ser feita, é a utilização de temas folclóricos em músicas. A primeira faixa retrata muito bem isso, “Cana verde” é típica de Portugal, mas perdeu todo o seu folclore ao ser reproduzida com instrumentos modernos. As faixas 14 e 22 também usam o folclore, porém sem descaracteriza-lo.

Essa coletânea de músicas permite a percepção de que uma música da cultura africana jamais poderá ser confundida com uma da Grécia. Cada povo produz a sua arte.

Referências bibliográficas

ARANTES, Antônio Augusto. O que é cultura popular? – Coleção Primeiros Passos, Ed. Brasiliense

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é folclore? – Coleção Primeiros Passos, Ed. Brasiliense

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro – Ed. Global

KLUCKHOHN, Clyde. Antropologia: Um espelho para o homem – Ed. Itatiaia

GUERRA, Peixe. Maracatus de Recife.

Autor: Thienne Mayrink

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