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Atualizado em 02/08/2023

RESUMO: AUTONOMIA MORAL COMO META NA EDUCAÇÃO

Descubra como a autonomia moral pode aumentar a qualidade da educação e melhorar a vida dos alunos. Saiba como estabelecer metas eficazes e compreender melhor os princípios éticos por trás desse processo. Aproveite para começar a educar para a autonomia moral hoje.

Autonomia moral como meta na educação

RESUMO
Existem alguns estudos atuais que discutem a formação da moralidade nas crianças. O intuito desta pesquisa foi refletir como a formação da moral influencia na aprendizagem. Partindo desde princípio, a autonomia moral como meta na educação procura esclarecer como a formação da moral autônoma nas crianças pode ser benéfica no processo de ensino-aprendizagem.Para realização de tal pesquisa a metodologia utilizada será um levantamento bibliográfico do tema abordado, discutir maneiras de promover um ambiente escolar propício a construção da autonomia. Propiciar reflexões á cerca de posturas que favoreçam a heteronomia ao invés da autonomia, atraves de dois eixos de pesquisa o primeiro Piaget e a formação de moral e o segundo ações que favorecem a autonomia. Constatamos que a formação da moral autônoma tem grandes contribuições na aprendizagem das crianças com resultados que podem ser observados desde a infância até a vida adulta do indivíduo, a educação moral deve partir do desenvolvimento intelectual do indivíduo e ter uma vida social intensa, apoiar as manifestações das opiniões e atitudes da criança, deve-se respeitar a autonomia e a dignidade do ser do educando. Concluimos que a formação da moralidade influi na educação e que ao analisarmos suas duas formas de desenvolvimento na infância podemos então afirmar que a formação da moral autônoma é a mais apropriada para o melhor aprendizado das crianças e para sua formação social e como cidadãos ativos na sociedade.
Formação da Moralidade, Educação.
1. Introdução.
Esta pesquisa pretende aprofundar os estudos sobre a formação da moral autônoma e seus benefícios para a educação e de que forma o profissional da educação pode propiciar esse tipo de formação na escola de modo a tornar o aprendizado significativo para os alunos. Para tal resultado iremos estudar a formação da moralidade infantil em suas duas formas básicas que são a formação da moral autônoma e a formação da moral heterônoma de modo a esclarecer totalmente os benefícios de se formar a moral autônoma na criança tanto para sua educação escolar e também para toda a formação social do indivíduo.
Para a realização dessa pesquisa a metodologia a ser utilizada será o levantamento bibliográfico do tema abordado, buscando obter maior embasamento para a pesquisa e a resolução do problema o qual gerou a temática da pesquisa, o instrumento a ser utilizado será o fichamento para auxiliar nos estudos e organizar o conteúdo da pesquisa a ser desenvolvida.
2. Piaget e a Formação da Moral.
As autoras VRIES, R. & ZAN, B. Com o livro “A ética na educação infantil” aprofundaram os estudos na teoria de Piaget sobre o desenvolvimento moral, pesquisa essa que até os dias de hoje faz-se fundamental para o estudo da moral do indivíduo. Piaget afirmou que existe uma generalização entre os pensadores que afirmam que a moral é constituída por regras que as pessoas tem que respeitar, após a discussão de como suas regras são estabelecidas, muitas pesquisas de Piaget foram para comprovar sua hipótese de moral autônoma.
Segundo Piaget, existem duas espécies de moralidade: a heterônoma e a autônoma, e dois tipos de relacionamento adulto – criança : um que promove o desenvolvimento infantil e outro que o retarda. Pode-se observar que para Piaget a moral é resultada a partir do desenvolvimento cognitivo e das relações sociais que a criança estabelece com os adultos e com outras crianças, assim como as relações sociais são diferentes a moral também é, sobre isso Vries e Zan (1.998, p.132) afirma “o ambiente sócio-moral é muito importante para o desenvolvimento infantil, no qual as crianças constroem suas idéias e sentimentos sobre si mesmas e sobre o mundo das pessoas e dos objetos”. Podemos afirmar que a moral heterônoma é baseada nas relações sociais de coerção e a moral autônoma é baseada nas relações sociais de cooperação, sobre os dois tipos de moralidade observados o autor Puig (1996, p. 48) diz:
Moral heterônoma, onde se dá uma relação de respeito unilateral onde há desigualdade entre o adulto e a criança,que leva ao sentimento de dever, obrigação as regras são impostas pelos adultos às crianças, que as aceitam apenas pelo sentimento.
Segundo o autor Puig (1.998, p.49) “as relações de pressão são mantidas quando os adultos favorecem a moral heterônoma”. Essa moral é unilateral e ressalta a “superioridade do adulto perante a criança, o que desperta na criança o sentimento de dever e obrigação. Os adultos elaboram as regras, às impõem as crianças que as obedecem por afeto e temor, apesar de obedecê-las as crianças não as reconhecem como necessárias. Esse tipo de moral imposta nos primeiros anos de vida torna ainda mais difícil que a moral autônoma seja absorvida pela criança, pelo fato de a criança estar passando pelo egocentrismo, torna-se mais fácil que as relações de pressão e coerção seja consolidada na moral da criança, falando sobre coerção Vries e Zan (1.998, p. 132) afirmam: “a coerção socializa apenas superficialmente o comportamento e, na verdade, reforça a tendência da criança para depender do controle dos outros”. Assim, pode-se afirmar que ao contrário da moral heterônoma, a moral autônoma é construída a partir da colaboração entre os indivíduos, que é baseada no respeito mútuo.
Sobre a moral autônoma Vries e Zan (1.998, p. 132) dizem “o relacionamento cooperativo tem como característica o respeito e a cooperação mútuos, ele é chamado de autônomo e cooperativo, onde o professor considera o ponto de vista da criança e a encoraja a considerar o ponto de vista dos outros”. A diferenciação entre os tipos de moral foi realizada por Piaget, com base nas pesquisas realizadas com crianças menores de doze anos, essas pesquisas tiveram três focos principais que foram as regras do jogo, as normas morais de origem adulta e o desenvolvimento da noção de justiça. A primeira estudava de que forma eram aplicadas as regras pelas crianças e segundo Piaget focou nas consequências das pressões dos adultos na consciência moral infantil, a segunda procurava obter opiniões das crianças sobre a mentira o roubo etc, a terceira parte das pesquisas realizadas buscou compreender a noção de justiça em diversos aspectos como a solidariedade infantil, os conflitos com a autoridade adulta no caso de denúncias, responsabilidade coletiva, sobre as sansões e após o resultado da pesquisa, torna-se seguro concluir que a formação da moral infantil depende diretamente das relações de respeito mútuo e a solidariedade entre as crianças e os adultos.
Tomando como base as pesquisas de Piaget que propõe como finalidade da educação a formação do indivíduo autônomo prontos para a cooperação, a educação moral deve partir do desenvolvimento intelectual do indivíduo e ter uma vida social intensa, apoiar as manifestações das opiniões e atitudes da criança e não abusar na autoridade para impor algum padrão, mas sim fazer com que elas mesmas descubram a partir de suas experiências sócio-morais, desenvolver esse valor é uma das funções do professor segundo Piaget.
Pode-se dizer que o relacionamento entre professor e aluno e entre os próprios alunos devem ser cultivados para que possam promover o desenvolvimento da criança e para que essa possa ser incentivada pelo professor a estudar. Os educadores geralmente trabalham de forma a promover a moral heterônoma, através de um relacionamento coercivo ou controlador, onde a criança respeita o professor é muito autoritário. Neste tipo de relacionamento o professor oferece aos alunos regras prontas e externas aos alunos e estes obedecem pelo respeito à autoridade sem compreendê-las. Contrastando com os valores dados acima os autores Druska e Whelan (2.002, p. 113) afirmam: “o professor deve fazer com que a sala de aula tenha uma atmosfera de respeito e segurança, ele deve favorecer ocasiões onde as crianças possam colaborar na construção das regras da classe”. Algumas vezes é inevitável impor algumas regras às crianças, por motivo de segurança ou de saúde, por exemplo, mas quando elas são continuamente governadas pelos outros elas desenvolvem uma submissão, que leva ao conformismo, sobre esse assunto Vries e Zan (1.998, p. 154) diz:
Enquanto os adultos mantiverem as crianças ocupadas em aprender o que os adultos desejam que elas façam e em obedecer as regras deles, elas não serão motivadas a questionar, analisar ou examinar suas próprias convicções.
Uma criança frequentemente coagida pode ficar passiva as idéias dos outros, sem atitudes questionadoras e críticas e com baixa motivação para pensar, sobre isso Druska e Whelan (2.002, p. 113) afirmam: “empregar o tempo para escutar as respostas de cada estudante para os problemas de julgamento moral”. Esta citação vem completar os dizeres acima, onde a cada idéia de que uma criança coagida torna-se um estudante não pensante, e com a moral heterônoma apurada, o que pode em muitos casos dificultar o aprendizado delas, assim, não costumam questionar não aprofundam o pensamento, porque muitas vezes ele já é apresentado “pronto” e sem estímulos para pensar, tornando-se verdade absorvida pelo estudante. Quando o professor trabalha com a moralidade autônoma este apóia um relacionamento cooperativo, baseado no respeito entre professor e aluno e entre os alunos. Piaget afirma que se o professor evitar o excesso de autoridade, abre caminho para que as crianças sejam capazes de pensar independente e criativamente, construindo sentimentos morais internamente. Conclui-se que, em um ambiente de cooperação, onde a criança é estimulada a considerar a opinião do outro, ela adquiri uma atitude de questionamento e avaliação crítica e motivação para pensar e se desenvolver emocionalmente, socialmente e intelectualmente.
2. Ações que favorecem a autonomia.
O autor Paulo Freire em seu livro “Pedagogia da Autonomia” fala de como deve ser a postura do professor para proporcionar uma educação autônoma, deve-se respeitar a autonomia e a dignidade do ser do educando. O professor que desrespeita a curiosidade do aluno, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem; o professor que ironiza o seu aluno e o minimiza está transgredindo os princípios éticos de nossa existência. Assim, o professor autoritário, que não respeita a liberdade do educando não favorece a sua autonomia. Segundo ele o docente deve ter bom senso, Paulo Freire (1996, p. 59) afirma:
É o meu bom senso que me diz ser tão negativo, do ponto de vista de minha tarefa docente, o formalismo insensível que me faz recusar o trabalho de um aluno por perda de prazo, apesar das explicações convincentes do aluno, quanto o desrespeito pleno pelos princípios reguladores da entrega dos trabalhos. É o meu bom senso que me adverte de que exercer a minha autoridade de professor na classe, tomando decisões, orientando atividades, estabelecendo tarefas, cobrando a produção individual e coletiva do grupo não é sinal de autoritarismo da minha parte.
Quanto mais colocarmos em prática a nossa capacidade de indagar, comparar, duvidar, mais curiosos nos tornamos e mais crítico pode fazer o nosso bom senso. Segundo Paulo Freire a curiosidade domesticada leva à memorização mecânica, mas não ao aprendizado real. A construção do conhecimento implica o exercício da curiosidade, a capacidade crítica, a capacidade de comparar e perguntar. O professor deve estimular a pergunta, a reflexão crítica sobre a própria pergunta, o que se pretende com determinada pergunta em lugar da passividade, sobre esse assunto Paulo Freire (1996, p. 60) nos diz.
O fundamental é que o professor e alunos saibam que a postura deles, do professor e dos alunos, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto fala ou enquanto ouve.
Há que se aprender a lidar com a relação autoridade-liberdade “o autoritarismo e a licensiosidade são rupturas do equilíbrio tenso entre autoridade e liberdade”. É vivendo criticamente a liberdade de aluno que se pode preparar para assumir a autoridade do professor, o educador deve pensar em uma maneira mais aberta, dialógica de aplicar a sua aula aos alunos.
É muito importante e necessário que o professor saiba escutar. Escutando pacientemente e criticamente o outro podemos realmente falar com ele, mesmo que, em certas condições, precise de falar a ele, sobre esse assunto Paulo Freire (1996, p. 115) afirma: “O educador que escuta aprende a difícil lição de transformar o seu discurso, às vezes necessário, ao aluno em uma fala com ele”. Atualmente, a liberdade de mover-nos, arriscar-nos vem sendo submetida a uma certa padronização de fórmulas, de maneiras de ser, por um poder invisível da domesticação alienante. Um estado de estranheza, de “autodemissão” da mente, do corpo consciente, de conformismo do indivíduo, de acomodação diante de situações “imutáveis”. Não há lugar para escolha, mas para a acomodação bem comportada ao que está aí ou ao que virá.
Paulo Freire afirma recusar os fatalismos e prefere a rebeldia que nos confirma como gente e nos deixa provar que o ser humano é maior do que os mecanicismos que o minimizam.
A desconsideração pela formação integral do ser humano e sua redução a puro treino fortalecem o autoritarismo ao falar de cima para baixo.
Os sistemas de avaliação pedagógica, mascarados como democráticos, vêm assumindo cada vez mais como discursos verticais, de cima para baixo. Não que devemos ficar contra a avaliação, mas resistir aos métodos silenciadores que ela vem sendo realizada. Devemos lutar em favor da compreensão e da prática da avaliação como instrumento de apreciação do que-fazer de sujeitos críticos a serviço da libertação, e não da domesticação, ainda sobre esse tema Paulo Freire (1996, p. 120) afirma: “É intolerável o direito que dá a si mesmo o educador autoritário de comporta-se como o proprietário da verdade”.
O papel do professor é incitar o aluno a produzir, através dos materiais oferecidos, a compreensão do objeto em lugar de recebê-la pronta. Assim, ensinar não é transferir conteúdo, assim como aprender não é memorizar o perfil do conteúdo transferido no discurso vertical do professor. Nesse sentido, o educador deve escutar o educando em suas dúvidas, seus receios, escutando se aprende a falar com ele, sobre esse assunto a Professora Telma Pileggi Vinha (1996, p 121.), fala em um de seus seminários:
É diferente ele estar mudando a proposta de trabalho porque está convencido, está estudando que é por aí, de estar fazendo porque uma autoridade quer que ele faça. É preciso refletir e rever isso. Se queremos educar as crianças para a autonomia, como podemos manter no dia-a-dia relações de respeito lateral com as pessoas? Conseqüentemente, as crianças serão tratadas assim. O professor deve estar sempre no mesmo nível das crianças. Se as crianças sentam no chão, ele também senta no chão, ele se abaixa para conversar com elas, ele procura usar um tom de voz que não seja elevado. O professor quer que as regras valham para todos, inclusive para ele.
Quando escutamos não estamos diminuindo nossa capacidade de exercer o direito de discordar, de se opor, de se posicionar. Ao contrário, escutando nos preparamos para melhor colocarmos o nosso próprio ponto de vista.
Para que possamos escutar devemos aceitar e respeitar as diferenças, sem qualquer forma de discriminação. Um professor que resiste, por exemplo, em respeitar a “leitura de mundo” que o aluno chega à escola estabelece um obstáculo à sua experiência de conhecimento. Respeitar os saberes do educando significa tomá-la como ponto de partida para a compreensão do papel da curiosidade. O desrespeito a leitura de mundo do educando revela o gosto elitista e antidemocrático do educador.
3. Considerações Finais.
Após o término da pesquisa podemos concluir que a formação da moralidade influi na educação e que ao analisarmos suas duas formas de desenvolvimento na infância podemos então afirmar que a formação da moral autônoma é a mais apropriada para o melhor aprendizado das crianças e para sua formação social e como cidadãos ativos na sociedade.
Foi possível concluir também que grande parte dessa formação moral se faz na escola, onde a criança passará grande parte do seu dia e sob orientação do professor, que tem papel fundamental para tal desenvolvimento, a partir desse levantamento buscamos então formas para que os professores propiciem essa formação moral em sua sala de aula e foi comprovado na pesquisa que realizamos que existem várias maneiras para que o professor a faça na prática com seus alunos, incentivando-os a serem indagadores e pensantes pode ser umas das práticas possíveis de serem aplicadas nas salas de aula.
4.Referências Bibliográficas.
PUIG, J.A. A construção da personalidade moral. São Paulo: Ática Editora, 1998, p. 48 à 53.
VRIES, R. ; ZAN, B. A ética na educação infantil; o ambiente sócimoral na escola. Porto Alegre: Artes médicas Editora, 1.998, p. 132.
VRIES, R. ; ZAN, B. A ética na educação infantil; O relacionamento Professor – Aluno. Porto Alegre: Artes médicas Editora, 1.998, p. 154.
DRUSKA, R. ; WHELAN, M. O desenvolvimento moral na idade Evolutista – um guia de Piaget e kohberg: Aplicações práticas da teoria do desenvolvimento moral. São Paulo: Editora Loyola, 2.002, p.113.
HUHNE, L.M. Metodologia científica.7. Rio de Janeiro, Editora Agir 2002. p.64-65
FILHO, P. D ; SANTOS, A . J. Monográfias – TCC – Teses – Dissertações. Leitura e suas classificações. Elabora de Fichamento. São Paulo. Editora Futura 2.001, p. 42.
LIMA, V. S. Planejamento de pesquisa, uma introdução.A revisão de literatura como parte integrante de formulação do problema. São Paulo. Editora Puc, 2.000, p. 85. SANTOS, A . F. L. Métodos e Técnicas de Pesquisa. São Paulo. Editora Ática, 2.006, p. 58.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Cidade. Editora: Paz e Terra, 1996.
VINHA, P, T. O educador e a moralidade infantil numa perspectiva construtivista, 1990. Disponivel: (http://arkheia.incubadora.fapesp.br/arquivos/revista_cogeime/ed…/cap02-14.pdf) Acesso em 28 de Março de 2010.

Autoras: Adriana Rodrigues Bueno

Patrícia Gouvêa Quini

Profª Orientadora: Rosangela Mascarenhas

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