fbpx Skip to main content

Atualizado em 20/12/2021

Resumo do Livro: A Construção do Saber

Descubra como a Construção do Saber mudou o modo como os alunos aprendem. Esta obra oferece um guia passo a passo para ajudar os professores a educar com sucesso seus alunos, com insights profundos sobre o processo de aprendizagem. Clique aqui e comece a construir o seu conhecimento!

Claude Bernard, teórico positivista, pensava que o positivismo poderia ser empregado tanto nas ciências humanas quanto nas ciências naturais. Essas duas ciências são facilmente distinguidas uma da outra e ambas são complexas, principalmente em se tratando das ciências humanas.

Èmile Durkeihm, um dos pais do positivismo, considera os fatos humanos e sociais como “coisas” e afirmou que só conseguiríamos entendê-los através de observações e de experiências.

Submeter os fatos sociais e humanos a experimentações é ainda mais complicado, tendo em vista que há fatores variáveis. As ciências naturais dispõem de estudos precisos, com possível descoberta de uma causa-efeito dos fatos, podendo estabelecer regras, uma vez que as ações e reações observadas por meio de pesquisas são repetitivas. Já, nas ciências humanas, o homem tem suas preferências, opiniões, pontos de vista, enfim, ele é ativo, faz suas escolha, portanto, é imprevisível.

Além do mais, os fatores das ciências naturais não sofrem influências do observador, enquanto o homem pode agir de forma diferente mediante a presença de uma observação. Não se pode submeter os comportamentos humanos a cálculos nem regras. As reações humanas variam de acordo com inúmeras experiências cotidianas.

Portanto, os fatos humanos dificilmente se encaixam no conceito de “coisa” de Durkeihm, já que os homens têm a capacidade de pensar, agir e reagir, podendo controlar diversas situações, como fazem os atores.

O pesquisador também pode exercer sua influência sobre os objetos de estudo. Claude Bernard já dizia que o observador não deveria ter idéia alguma preconcebida, devendo permanecer passivo, “submeter-se a suas decisões” pois tem uma objetividade na pesquisa. Entretanto, diante de fatos sociais, o observador não pode apagar-se da mesma maneira. Ele possui valores, preferências, inclinações e interesses diante desses fatos subjetivos.

A construção de saber nas ciências humanas tem uma medida do verdadeiro que difere nas ciências naturais. Devido à capacidade de “atuar” tanto dos pesquisadores como de seus objetos de estudo o saber adquirido pode variar.

Em se tratando de fatos humanos, subjetivos, o máximo que se pode estabelecer são tendências, estimativas. Como dizem os autores do livro A Construção do Saber, Christian Laville e Jean Dionne:

“… em ciências humanas se deve escolher em função de conhecimentos que não são nem exclusivos nem absolutos, que, no melhor dos casos, podem ser chamadas de teorias…”.

Em ciências naturais, é possível fazer uma generalização dos resultados e estabelecer leis. Em ciências humanas, o saber alcançado só é válido se com a repetição da experiência forem alcançados os mesmos resultados nas mesmas condições. Nos diz Laville e Dionne:

… o verdadeiro em ciências humanas, apenas pode ser um verdadeiro relativo e provisório”.

A construção do saber em ciências humanas é ainda mais subjetiva e relativa, pois não é possível definir em medidas, nem quantificar esses fatos. A exatidão é algo impossível ao se ter como objeto de estudos as relações humanas.

Tão logo quiseram aplicar a teoria positivista no domínio humano, o positivismo se enfraqueceu, já que essa teoria era muito interveniente, incapaz de atingir o saber esperado.

O positivismo foi colocado em questão também pelas ciências naturais, a qual se sentia limitada sob a visão positivista. As ciências naturais também revisaram o empirismo. A teoria fora admitida como forma de adquirir e repassar o conhecimento,

ainda que possivelmente provisória, e se reconhece que outras verificações poderão, mais tarde, assegurar-lhe maior validade”.

O pesquisador imprime em suas pesquisas seus próprios pontos de vista. É ele quem a determina, define e orienta.

As ciências exatas têm um complexo de superioridade, no entanto, exige o apoio das ciências sociais.

O pesquisador tem consciência de que é ele o responsável pelas observações. A subjetividade do pesquisador deve ser racional e controlada, definindo subjetividade relacionada mais ao sujeito do pesquisador do que ao objeto da pesquisa.

Já a intersubjetividade é o fato de os saberes serem considerados mais objetivos pelos pesquisadores, assim, se tornando mais objetivo e mais válido.

As ciências humanas hoje estudadas nasceram no fim do século XIX e foram aperfeiçoadas no início do século XX sob os modelos das ciências naturais e do positivismo. Tanto as ciências naturais quanto às humanas preocupam-se em centrar o estudo com o objetivo de compreender problemas específicos, assegurar a validade da aquisição do saber e eliminar obstáculos que possam prejudicar o entendimento.

A compreensão tenta superar os problemas para solucioná-los. Toma-se cuidado para não reduzir nem deformar o objeto de estudo, apenas compreendendo a pesquisa.

O pesquisador ainda tem consciência de que as compreensões produzidas são compreensões relativas. A escolha e a interpretação feitas pelo pesquisador são fundamentais para o sucesso da pesquisa.

Para os positivistas, o conhecimento adquirido tem seu valor principalmente sobre a experiência e a observação. O positivismo aprecia números, exatidão, o que nem sempre é permitido, devido à complexidade dos objetos a serem estudados.

A multidisciplinaridade aborda os problemas pesquisados sob os estudos de diversas disciplinas, para resolvê-los mais rapidamente. Um número maior de técnicas empregadas para resolver os problemas pode ampliar a solução dos fatos mais complexos do campo humano.

Nas últimas décadas, as ciências humanas se distanciaram do positivismo e elaboraram um novo caminho para a construção do saber. O pesquisador sabe que sua hipótese não é a única nem a mais válida. Seu ponto de vista não é absoluto. O método de pesquisa foi alterado e a cada dia sofre alterações para se alcançar cada vez mais, em números e qualidade, o alimento mais apreciado e mais rico da mente humana: o saber.

Bibliografia

LAVILLE, Christian e DIONNE, Jean. A construção do Saber. Porto Alegre: Editora UFMG, 1999.

Autor: Érica Nunes Andrade

Escreva um comentário

Não se preocupe, seu email ficará sem sigilo.